sexta-feira, 14 de dezembro de 2012

Especiais de fim de ano da TV que ninguém aguenta mais

Veja nossa lista de programas que podem fazer você desligar a TV em dezembro

*Texto originalmente publicado no Yahoo! TV.

Final de ano na TV é sempre igual: os artistas e as emissoras insistindo nas mesmas fórmulas e formatos para especiais de Natal e Ano Novo. Não seria exagero dizer que mal daria para perceber a diferença se as imagens de atrações de anos anteriores fossem recuperadas e transmitidas no ano presente. Por exemplo, para um especial de Natal, a receita é simples: basta pegar o Papai Noel e toda sua mitologia associada, escrever um enredo com os personagens tentando salvar o Natal e apresentar uma moral que represente o verdadeiro significado do dia 25 de dezembro. Não é tão difícil, certo?

De olho nessa e outras receitas bem óbvias relacionadas ao espírito natalino ou reveillon , fizemos um levantamento de alguns dos especiais de final de ano da televisão brasileira que ninguém aguenta mais. Veja abaixo:


Vinheta de Ano Novo - Rede Globo

No ar desde 1971

A tradicional vinheta que a Rede Globo lança todos os finais de ano com a música " Um Novo Tempo " (Hoje a festa é sua / Hoje a festa é nossa / É de quem quiser / Quem vier), composta por Marcos Valle, Paulo Sérgio Valle e Nelson Motta para saudar a entrada do Ano Novo. Nela são reunidos parte do elenco da emissora, com os atores, jornalistas, apresentadores e também outros profissionais.

Já foi bom?

É até contraditório que uma canção que comece com as frases "Hoje é um novo dia / de um novo tempo que começou" seja repetida há mais de 40 anos pela emissora. Pelo visto, a tal 'renovação' não chegou até o departamento responsável pelas vinhetas. Até o rival SBT arriscou este ano, ao apresentar uma versão similar ao hit "Gangnam Style" e colocar a menina-fantasma da pegadinha do elevador do Programa Silvio Santos.


Roberto Carlos - Rede Globo

No ar desde 1974

Segundo o site da emissora, o especial "Roberto Carlos - Reflexões" foi gravado no Rio de Janeiro, com o intuito de fazer uma homenagem à cidade que o acolheu, combinando clássicos com músicas e arranjos atuais. O programa levará ao palco uma mistura de ritmos como samba, funk, pagode e rap na batida do DJ Memê e nas vozes de Arlindo Cruz, Seu Jorge, Michel Teló, as Empreguetes Cida (Isabelle Drummond), Rosário (Leandra Leal), Penha (Tais Araújo), além de Chayene (Cláudia Abreu) e Socorro (Titina Medeiros).

Já foi bom?

Ok, é o Rei, o artista solo com mais álbuns vendidos na história do Brasil, então se alguém um dia perguntasse se algum cantor nacional merece ter um programa na TV, Roberto Carlos poderia responder com toda razão "esse cara sou eu". Mas será mesmo que dá para fazer um especial há 38 anos sem cair na mesmice? A resposta é: não. Mesmo que o programa tente variar no repertório com convidados e apresentar composições novas como "Furdúncio", inevitavelmente o que vai ficar será o clichê romântico de canções como "Detalhes", "Como É Grande O Meu Amor Por Você" e "Jesus Cristo" - que a propósito, vem bem a calhar em um especial de Natal.


Xuxa Especial de Natal - Rede Globo

No ar desde 1996

Segundo a Globo, o TV Xuxa especial de Natal trará as mensagens de amor e esperança dos padres Marcelo e Fábio de Mello. No palco, o grupo Roupa Nova anima a festa enquanto, no telão, artistas dedicam suas mensagens de Natal ao público do programa.

Já foi bom?

Se você já foi criança, sim. Mas os meninos e meninas de hoje em dia certamente não têm o mesmo interesse na Rainha dos Baixinhos - grande parte porque a TV rivaliza com a internet pela atenção da criançada. E outra: o Roupa Nova não é exatamente um grupo com grande apelo para espectadores com menos de 30 anos.


A Praça é Nossa - SBT

No ar desde 1987

O programa faz parte da grade de programas do SBT desde meados dos anos 80, mas estreou na televisão em 1957 no canal TV Paulista sob o nome A Praça da Alegria. Nas décadas seguintes passou pela TV Record e TV Rio, Rede Globo e Rede Bandeirantes. Em clima natalino, o canal exibe o especial de Natal na quinta-feira, 20 de dezembro. Com o humor e irreverência característicos, os personagens do programa fazem esquetes e brincadeiras que fazem alusão ao clima festivo de fim de ano.

Já foi bom?

A Praça já revelou humoristas como Ronald Golias, Maria Tereza e o ator Jorge Lafond, que eternizou a personagem Vera Verão. Outros nomes ilustres ainda continuam no programa, como Moacyr Franco, Canarinho, Carlos Koppa e Jorge Loredo. Mas sua fórmula já está gasta há tempos e seu humor simples já virou motivo de chacota. Não estranhe se você contar alguma piada ruim e ouvir na sequência a música tema ("a mesma praça / o mesmo banco...").


Corrida de São Silvestre - Rede Globo

Realizada desde 1925

OK, não é um programa de TV com enredo natalino, mas a transmissão da prova pela Rede Globo já está enraizada na programação de véspera de Ano Novo. É a mais famosa corrida de rua no Brasil, realizada em São Paulo sempre em 31 de dezembro, dia de São Silvestre (data de morte do Papa da Igreja Católica). Ao contrário de outros eventos desportivos tão ou mais antigos, a Corrida de São Silvestre nunca deixou de ser realizada, nem mesmo durante a Segunda Guerra Mundial. Ela somente foi liberada a participação de estrangeiros em 1945, mas apenas para corredores convidados de países da América do Sul. Por conta do sucesso, os organizadores liberaram a participação de corredores de todo o mundo a partir de 1947.

Já foi bom?

Se você realmente gosta de acompanhar esportes pela TV, sempre será. Mas se você pretende assistir a 88° edição da corrida somente para torcer pelo Brasil, pode não ser um programa muito interessante. Desde que o queniano Simon Chemwoyo ganhou sua primeira São Silvestre em 1992 e repetiu a façanha em 1993, a prova ficou bem previsível, com corredores do continente africano apontados como favoritos. Só Paul Tergat (também queniano) levou o título mais cinco vezes (em 1995, 1996, 1998, 1999 e 2000), dando poucas chances de vitória para outras nações. Atualmente, o Quênia é o país que conta com maior número de vitórias desde 1945 - 12 campeões contra 11 do Brasil, 6 da Colômbia e 5 da Bélgica.


Show da Virada - Rede Globo

Realizado desde 1998

O Show da Virada é a festa de final de ano promovida pela Globo para ser exibida no dia 31 de dezembro, enquanto acontece a virada para o Ano Novo. Gravado no dia 27 de novembro, no Credicard Hall (São Paulo), o programa pretende dar as boas-vindas ao ano que chega prestando um tributo ao Rio de Janeiro, à festa e à diversão com shows de Claudia Leitte, Zezé di Camargo & Luciano, Skank, Paula Fernandes, Gusttavo Lima, Jorge & Matheus, Leonardo, Belo, Aviões do Forró, Sorriso Maroto, Thiaguinho, Latino, Péricles, Banda Eva, Chiclete Com Banana, Zeca Pagodinho, Raça Negra, MC Coringa, entre outros.

Já foi bom?

Se considerarmos que o Show da Virada entrou no lugar do já mala Reveillon do Faustão (1991-1997), sim. Mas será que alguém realmente faz questão de ver um programa que simula ser ao vivo (porém gravado com um mês de antecedência), com shows de artistas cantando (em playback, claro) os mesmos sucessos que você já ouviu tantas vezes no rádio ao longo do ano? Com certeza é melhor encontrar os amigos e a família pra ver os fogos longe da TV.

terça-feira, 11 de dezembro de 2012

Por onde andam as bandas de Seattle?

Vinte anos depois do lançamento de 'Incesticide' pelo Nirvana, o que fazem os principais nomes da cena grunge?

*Texto originalmente publicado no Yahoo! OMG!.


No dia 14 de dezembro, o disco Incesticide do Nirvana completa 20 anos de lançamento. Mais do que um simples disco de b-sides e sobras de estúdio providenciado pela gravadora para prolongar a explosão do clássico Nevermind, Incesticide mostra a faceta mais eclética do compositor Kurt Cobain. Canções tradicionais do Nirvana como "Dive" e "Aneurysm" são misturadas a covers de new wave ("Turnaround", do Devo), versões de Vaselines - uma das bandas preferidas de Cobain - ("Son of a Gun" e "Molly's Lips"), explosão punk ("Downer") e referências a bandas clássicas ("Aero Zeppelin" traz no título uma óbvia referência a Aerosmith e Led Zeppelin), Incesticide também serve como uma pequena árvore genealógica do Nirvana, trazendo integrantes de outras bandas ligadas à cena grunge: Dale Crover (baterista do Melvins) e Dan Peters (baterista do Mudhoney).

Considerado por muitos a última cena roqueira realmente relevante, o grunge de Seattle tomou de assalto as paradas de sucesso do início dos anos 90 e revelou bandas como Nirvana, Alice in Chains, Pearl Jam, Soundgarden e grupos de outras cidades que também combinavam o peso do heavy metal com a agressividade e a angústia do punk rock. Assim como a explosão punk no fim dos anos 70, muitas daquelas bandas levaram a cartilha "sexo drogas & rock n roll" até as últimas consequências e poucas alcançaram longevidade para chegar à década seguinte.

Aproveitando isso tudo, vamos dar uma olhada no que aconteceu com o Nirvana e outras bandas contemporâneas da cena grunge que, de alguma forma, conquistaram seu espaço na cultura pop.

Nirvana

A música que ficou na história foi... Smells Like Teen Spirit

Legado: o sucesso do Nirvana mudou o status do rock alternativo na indústria da música e Kurt Cobain é considerado o ícone cultural da chamada "Geração X", embora ele mesmo tenha negado isso. O impacto cultural do Nirvana na indústria da música foi tão grande que se estendeu até mesmo até a artistas underground que eram desconhecidos e alcançaram maior notoriedade porque eram citados pelo grupo em entrevistas; Pixies, Daniel Johnston e Meat Puppets são alguns exemplos.

O que fazem seus principais integrantes?
Após o suicídio do vocalista Kurt Cobain em abril de 1994, o então baterista Dave Grohl seguiu na carreira musical e hoje é o líder do Foo Fighters, também acumulando participações especiais em bandas como Queens of the Stone Age e Them Crooked Vultures. O baixista Krist Novoselic passou pelas bandas Sweet 75, Eyes Adrift, Flipper e dedicou-se a ações sociais, como a JAMPAC (Joint Artists and Musicians Political Action Committee) e a ONG eleitoral Fairvote.

Pearl Jam

A música que ficou na história foi... Alive

Legado: o Pearl Jam é uma das poucas bandas bem-sucedidas de Seattle na ativa desde que o auge de sua popularidade. Além de sua importância musical para a década de 90, o Pearl Jam chamou atenção por ser uma banda engajada, realizando vários concertos beneficentes em prol de instituições de caridade, apresentando letras recheadas de questões sociais e críticas políticas em entrevistas e shows.

O que fazem seus principais integrantes?
Mesmo o Pearl Jam sendo a prioridade, seus integrantes encontraram tempo para participar de bandas paralelas, como o Temple of the Dog - projeto que unificou o parte do grupo com o membros do Soundgarden para prestar uma homenagem ao cantor Andrew Wood, vocalista do Mother Love Bone, espécie de 'ancestral' do Pearl Jam. O guitarrista Mike McCready também formou em 1995 o Mad Season, ao lado de Layne Staley (Alice in Chains), Barrett Martin (Screaming Trees) e o baixista John Baker Saunders. Em 2007, o vocalista Eddie Vedder contribuiu com várias canções para a trilha sonora do filme Na Natureza Selvagem. O projeto acabou alavancando Vedder um segundo disco solo entitulado Ukulele Songs, lançado em 2011.

Alice in Chains

A música que ficou na história foi... Man in the Box

Legado: a parceria entre o vocalista Layne Staley e o guitarrista Jerry Cantrell renderam as músicas mais sombrias que definiam o caráter da cena grunge: riffs de metal com letras depressivas que abordavam conflitos existenciais e experiências com drogas pesadas. A obra-prima do grupo é o disco Dirt, de 1992, e a apresentação acústica para a MTV lançada em 1996 é a prova de que as composições de Staley e Cantrell funcionavam até mesmo sem as guitarras distorcidas tradicionais de seu som.

O que fazem seus principais integrantes?
Cansado dos hiatos provenientes dos problemas com drogas de Staley, Cantrell lançou seu primeiro disco solo (Boggy Depot) em 1998. Com a morte de Staley por overdose em 2002, a banda se desfez oficialmente e Cantrell lançou meses depois o disco Degradation Trip. O baterista Sean Kinney e o baixista Mike Inez formaram o projeto Spys4Darwin com membros da banda Queensrÿche e Sponge, mas o grupo lançou apenas o EP Microfish. Em 2005, o Alice in Chains voltou aos palcos para uma série de shows beneficentes, com William DuVall assumindo o posto de guitarrista e vocalista. Depois de lançar o álbum Black Gives Way To Blue em 2009 e passar pelo Brasil em 2011 no festival SWU, a banda está preparando um novo disco para 2013.

Soundgarden

A música que ficou na história foi... Black Hole Sun

Legado: o Soundgarden foi a banda que melhor definia a mistura entre punk e metal que caracterizava a cena de Seattle. Mesmo eclipsado pelo sucesso de Nirvana, Alice in Chains e Pearl Jam, o disco Badmotorfinger trazia clássicos como "Outshined", "Rusty Cage" e "Jesus Christ Pose". Mas foi somente em 1994, com Superunknown, que o Soundgarden estourou para o grande público, através de canções como "Black Hole Sun", "Spoonman", "My Wave" e "Fell On Black Days".

O que fazem seus principais integrantes?
Depois que a banda anunciou seu fim em 1997, Chris Cornell dedicou-se inteiramente à sua carreira como artista solo (chegando a gravar a música-tema de Cassino Royale, filme da franquia 007) e também participou de outro grupo bem-sucedido: o Audioslave, juntamente com ex-integrantes do Rage Against The Machine. Em 2010, o Soundgarden anunciou seu retorno aos palcos e lançou em novembro deste ano King Animal, o primeiro disco do grupo depois de 15 anos. Neste meio-tempo, o baterista Matt Cameron virou baterista do Pearl Jam e vem dividindo seu tempo entre as duas bandas.

L7

A música que ficou na história foi... Pretend We're Dead

Legado: apesar de surgir em Los Angeles em 1985, o L7 foi o representante feminino mais forte do grunge no mainstream. O disco Bricks Are Heavy trouxe o hit "Pretend We're Dead" e outros clássicos, como "Monster" e "Everglade". Apesar de não ser muito grande nos Estados Unidos, o grupo veio ao Brasil em 1993 e saiu como uma das atrações mais comentadas do festival Hollywood Rock - em parte porque a baixista Jennifer Finch abaixou as calças no fim da apresentação. O L7 também formou uma organização pró-aborto chamada Rock for Choice, que contou com o apoio de bandas como Rage Against The Machine e Nirvana.

O que fazem seus principais integrantes?
Depois de sair do L7 em 1996, Jennifer Finch passou por grupos como Other Star People e The Shocker e atualmente trabalha com design gráfico em Los Angeles. A guitarrista Donita Sparks atualmente está em carreira solo com sua banda Donita Sparks and The Stellar Moments, que também conta com Dee Plakas, baterista do L7. Fato curioso: Dee Plakas é casada com o músico Kirk Canning, que gravou as partes de violoncelo em Nevermind do Nirvana.

Screaming Trees

A música que ficou na história foi... Nearly Lost You

Legado: o Screaming Trees promovia uma mistura de psicodelia dos anos 60 com o rock agressivo da costa oeste dos Estados Unidos que era sempre elogiada pelos críticos, mas jamais alcançou o mesmo status de outras bandas da cena grunge. Porém, "Nearly Lost You" foi incluída na trilha sonora do filme Singles - Vida de Solteiro, virou hit e alavancou as vendas do disco Sweet Oblivion, em 1992. Mas passando por várias tensões internas e problemas com drogas e álcool, a banda só foi lançar um novo disco (Dust) em 1996, quando o grunge já agonizava nas paradas.

O que fazem seus principais integrantes?
Com o fim da banda em 2000, o vocalista Mark Lanegan dedicou-se integralmente à sua carreira solo, que já contava com quatro discos lançados. Lanegan também gravou parcerias com nomes como Mad Season, Queens of the Stone Age e Isobel Campbell. O guitarrista Gary Lee Conner montou as bandas The Purple Outside e Microdot Gnome. O baixista Van Conner participou dos grupos Gardener e VALIS. O baterista Barrett Martin virou músico contratado para turnês de vários artistas, fazendo participações especiais em discos de Stone Temple Pilots, REM, Queens of the Stone Age, entre outros. Fato curioso: Martin também contribuiu tocando bateria em dois álbuns do ex-titã Nando Reis (Para Quando O Arco Irís Encontrar O Pote de Ouro e A Letra A).

Stone Temple Pilots

A música que ficou na história foi... Plush

Legado: apesar de não ser de Seattle, o Stone Temple Pilots saiu de San Diego para a fama com o álbum Core, que continha várias características semelhantes ao grunge - fato que causou várias comparações com o Pearl Jam. Nos discos seguintes, o grupo adicionou mais elementos que os diferenciaram das outras bandas - incluindo um visual quase glam rock que destoava totalmente do despojamento de Seattle.

O que fazem seus principais integrantes?
Depois de várias prisões decorrentes por posse de drogas do vocalista Scott Weiland, o STP entrou em hiato em 1996. Neste período, Weiland lançou seu primeiro álbum solo (12 Bar Blues) e os outros integrantes formaram uma nova banda, o Talk Show. Em 1998 o STP voltou à ativa, lançou dois discos e chegou ao fim em 2003, quando Weiland virou vocalista do Velvet Revolver. Algum tempo depois, o STP retornou mais uma vez e lançou um disco homônimo em 2010.

Mudhoney


A música que ficou na história foi... Suck You Dry

Legado: talvez a banda mais influente e injustiçada da cena de Seattle, o Mudhoney nunca alcançou o mesmo tipo de sucesso que seus contemporâneos. Seu EP Superfuzz Bigmuff, lançado em 1988, adiantou o som que caracterizou a tônica das canções do Nirvana (guitarras sujas, versos lentos e refrãos explosivos). Mas o grupo nunca teve a sorte de lançar um disco totalmente coeso para os padrões do mainstream: Piece of Cake, lançado no auge da era grunge, trouxe os singles "Suck You Dry" e "Blinding Sun" que gozaram de alguma notoriedade, mas o álbum também trazia vinhetas satíricas que o impedia de ser levado muito a sério pelos críticos.

O que fazem seus principais integrantes?
Atualmente formada por Mark Arm (vocais, guitarra), Steve Turner (guitarra), Dan Peters (bateria) e Guy Maddison (baixo), a banda segue na ativa, com oito discos no currículo (sendo o último The Lucky Ones, de 2008) e trabalha em um novo álbum. Fato curioso: Mark Arm hoje em dia trabalha como gerente do depósito de discos da Sub Pop, célebre gravadora de Seattle, responsável pelo lançamento de discos seminais para a cena grunge. Matt Lukin (baixista original do Mudhoney) abandonou a carreira musical em 2001 e virou carpinteiro em Seattle.

Hole


A música que ficou na história foi... Celebrity Skin

Legado: formado em Los Angeles em 1989, o Hole no início era facilmente reconhecido como "a banda da esposa de Kurt Cobain". Mas com o disco Live Through This, lançado semanas após a morte do líder do Nirvana, a banda conquistou público e crítica. Capitaneado pela polêmica Courtney Love, a banda ainda aumentou sua legião de fãs com o disco Celebrity Skin, lançado em 1998.

O que fazem seus principais integrantes?
Com a separação do Hole em 2002, Courtney Love investiu em uma carreira solo que não deu muito certo, permeada por escândalos envolvendo drogas, casos amorosos e brigas judiciais com os ex-membros do Nirvana e também com sua própria filha, Frances Bean Cobain. Em 2010, Love resolveu reativar o Hole sozinha e lançou o disco Nobody's Daughter - com direito a uma breve passagem no Brasil durante o festival SWU. Excluído da reunião do grupo, o guitarrista Eric Erlandson lançou este ano o livro Letters to Kurt, com textos em prosa endereçados a Cobain.

Melvins

A música que ficou na história foi... Nenhuma!

Legado: o Melvins é constantemente apontado como o padrinho do grunge, por influenciar a cena de Seattle com suas composições lentas e distorcidas inspiradas por bandas punks como Black Flag e The Wipers. Kurt Cobain, amigo e fã de carteirinha, resolveu dar uma mãozinha e conseguiu que o Melvins fosse contratado pela gravadora Atlantic. Porém, a banda não mirava os holofotes do mainstream e nunca teve um hit - o que não impediu que conquistassem um forte status cult entre os fãs de som pesado.

O que fazem seus principais integrantes?
O Melvins ainda está na ativa, com cerca de 19 discos e vários EPs nas costas. Este ano, o grupo completou uma ambiciosa turnê com shows marcados em todos os estados dos EUA em apenas 51 dias. O Melvins mantém atualmente duas formações: um quarteto com dois bateristas e o Melvins Lite, um trio simples. As duas versões contam com o baterista Dale Crover (que já tocou em várias gravações do Nirvana) e o guitarrista e vocalista Buzz Osbourne, um dos primeiros ídolos punk de Cobain.

sexta-feira, 30 de novembro de 2012

Raio X Restart: Quem influenciou quem?

O Happy Rock de Pe Lanza engloba influências de Fresno a Beatles. Quer apostar?

*Texto originalmente publicado no Yahoo! OMG!.


Você pode não gostar (ou até mesmo fazer questão de odiar), mas o Restart é um dos grupos mais bem sucedidos do rock brasileiro contemporâneo. Em tempos de vazamento de discos na internet antes do lançamento, compartilhamento livre de arquivos de áudio pelas redes sociais e derrocada da indústria fonográfica mundial, Pe Lanza (vocais e baixo), Pe Lu (guitarra e vocais), Koba (guitarra e vocais) e Thomas (bateria) são uma das poucas bandas que ainda conseguem números expressivos como venda de 100 mil cópias com um álbum de estréia. Porém, nem sempre sucesso comercial é sinônimo de unanimidade entre os fãs e críticos de rock. É só lembrar que até mesmo o Led Zeppelin já foi execrado pela imprensa especializada de sua época, recebendo duras críticas no início da carreira.

Comparações exageradas à parte, o que se sabe sobre a banda? Em 2008, ainda com o nome de C4, os rapazes faziam um som influenciado pelo que despontava nas rádios brasileiras da época: o emocore (rock com melodias e letras açucaradas) catapultado por bandas como NX Zero e Fresno. Em 2009, o quarteto mudou seu nome para Restart e passou a seguir os passos de grupos americanos como All Time Low e Forever The Sick Kids, misturando a sonoridade do emocore mais radiofônico com letras alegres, roupas com tons extravagantes e guitarras domesticadas. O tal happy rock (termo inventado pela própria banda) ceifou especialmente o público feminino jovem e as faixas "Recomeçar" e "Levo Comigo" ganharam força no cenário musical brasileiro por meio de sites como MySpace e YouTube. Com três discos na bagagem em uma trajetória curta, o grupo garantiu prêmios baseados na força de seus fãs na internet e o desprezo dos roqueiros mais tradicionalistas.
Mas o que explicaria o fascínio que o Restart exerce sobre o público pré-adolescente? Roupas coloridas e letras românticas não são novidade no mundo da música, como veremos a seguir.

O Restart foi influenciado por...


NX Zero
Banda paulista formada em 2001, composta atualmente por Diego Ferrero (vocal), Leandro Rocha (guitarra e segunda voz), Daniel Weksler (bateria), Conrado Grandino (baixo) e Filipe Ricardo (guitarra). Auxiliados pelo produtor Rick Bonadio, o grupo cravou vários sucessos nas rádios brasileiras, como "Cedo Ou Tarde" e "Razões e Emoções". O grupo é claramente um dos principais responsáveis pela popularização do emocore nas rádios brasileiras. Assim como o Restart, as letras do grupo são baseadas em temas sentimentais.


Fresno
Fresno é uma banda formada em Porto Alegre em 1999. Os membros atuais são Lucas Silveira (vocal e guitarra, Gustavo Mantovani (guitarra), Mário Camelo (teclado) e Rodrigo Ruschell (bateria). Assim como o NX Zero, as canções do Fresno também trazem temas que circulam entre desilusões amorosas e demais questões sentimentalista. Além disso, a banda também era alvo do preconceito de muitos roqueiros durante a onda emo, por conta de seu visual exagerado. Mas ao poucos, com o lançamento do álbum Revanche e posteriormente o EP Cemitério das Boas Intenções, a banda começou misturar sons mais pesados como hard rock e rock industrial em seu caldeirão de influências.


All Time Low
Com certeza a influência mais direta no som de Pe Lanza e cia. Banda americana formada pelo vocalista e guitarrista Alex Gaskarth, o guitarrista Jack Barakat, no baixista Zack Merrick e baterista Rian Dawson, o All Time Low surgiu em 2003 e já possui cinco discos no currículo: The Party Scene (2005), So Wrong, It's Right (2007), Nothing Personal (2009), Dirty Work (2011) e Don't Panic (2012). As semelhanças são tão berrantes que se você colocar pra tocar alguma música do All Time Low dá até para pensar que é o Restart compondo em inglês. Existe até mesmo uma polêmica que afirma que o sucesso "Recomeçar" seria um plágio da canção "The Beach" do ATL.

Bandas similares


Cine
Composto pelo vocalista Diego Silveira (DH), o baixista Bruno Prado, o guitarrista Danilo Valbusa, o baterista David Casali e o tecladista Pedro Caropreso, o Cine despontou na mídia um pouco antes do Restart, também abusando de roupas coloridas e mantendo um forte apelo junto ao público pré-adolescente. Porém, em seu segundo álbum, Boombox Arcade, o grupo tratou de se esforçar para se desvencilhar do rótulo de Happy Rock, investindo mais em sons eletrônicos. Ainda assim, não foi o bastante para que a crítica os levasse a sério.


CW7
Formada pelos irmãos Wicthoff - Gustavo (guitarra), Leonardo (baixo) e Paulo (bateria)- e a prima Amanda (vocal), a CW7 despontou para o público em 2010 com seu segundo álbum, O que Eu Quero pra Mim. Em 2011 a banda lançou um álbum homônimo produzido por Guto Campos (o mesmo produtor do Restart), com a canção "Me Acorde pra Vida" como carro-chefe.

Tem (um pouco) a ver...


Polegar
Provavelmente o público juvenil do Restart nunca ouviu falar no Grupo Polegar, mas essa banda que marcou época no final dos anos 1980 e início dos anos 1990 tem uma trajetória bem parecida com Pe Lanza e cia. Recorde de público em quase todas as cidades em que se apresentavam por todo o Brasil, o Polegar foi o fenômeno musical da época. Com canções como "Dá Pra Mim", "Ela Não Liga" e "Quero Mais", a banda alcançou discos de ouro e platina com mais de quinhentas mil cópias vendidas. Depois de três discos lançados, em 1994 o quarteto original se desfez e encerrou suas atividades oficialmente em 1997. O grupo ensaiou uma volta em 2004, com um novo disco e três integrantes da formação original: Alex, Alan e Ricardo, mas não passou disso e a banda novamente encerrou as atividades.


Hanson
Lembra dos Hanson? Formado em 1992 pelos irmãos Isaac (guitarra e voz), Taylor (piano e voz) e Zachary, o trio conquistou milhões de fãs fanáticas em 1997 com o hit "Mmmbop". Amados pelas meninas e execrados pelos meninos,o grupo não repetiu o mesmo sucesso do disco Middle of Nowhere, de 1997. Mas a banda foi amadurecendo seu som pop com influências de soul e R&B e ainda está na ativa, com dez discos no currículo.


The Beatles
No final de 2011, o Restart resolveu deixar um pouco de lado as roupas coloridas e apareceu com um visual bem mais sóbrio - segundo a própria banda, inspirado nos Beatles. Mas até mesmo na fase inicial a banda pode lembrar de longe (assim, bem de longe) a extravagância colorida da fase psicodélica do quarteto de Liverpool, marcada pelo encarte do álbum Sgt Peppers Lonely Hearts Clubs Band. E quando o fabfour surgiu na década de 60, John Lennon, Paul McCartney, Ringo Starr e George Harrison arrastavam multidões de meninas enlouquecidas aos seus shows - assim como o Restart faz hoje em dia. Entretanto, será que um dia o Restart vai conseguir superar sua "fase iê-iê-iê" e gravar um álbum branco?

terça-feira, 16 de outubro de 2012

Descubra novos sons com rádios online para todos os gostos

Não importa se você curte rock, sertanejo ou eletrônico: veja uma seleção especial de webradios que podem agradar todos os gostos.

*Texto originalmente publicado no Yahoo! OMG!.

Acabou a bateria do mp3 player ou do celular? Cansou da programação recheada de publicidade e "jabás" das emissoras de rádio convencionais? Não importa se você gosta de rock, sertanejo ou eletrônico: a internet pode te ajudar a descobrir novos sons com as rádios online.

Com a popularização da web ficou cada vez mais fácil ouvir qualquer tipo de música - seja o hit mais bombado das FMs ou uma gravação raríssima de um artista obscuro para o grande público. Mais do que um avanço tecnológico, as rádios online aparecem como uma bela alternativa para matar a sede dos viciados em música.

Apresentamos abaixo uma seleção especial de webradios que podem agradar a todos os gostos, excluindo as emissoras mais tradicionais que disponham o sinal na internet.

977 Music
Onde é sediada: Estados Unidos
Estilo: Uma das muitas redes sociais com estações de rádio. Conta com 15 canais (50's 60' hits, 70's Rock, 80's Hits, 90's Hits, Today's Hits, Hip Hop/RnB, Adult Hits, Alternative, Country, Jazz Music, Comedy, Latin Music, Christian Music, Electronic Dance e Top 40 Dance). O site também pode fazer com que o usuário conheça outros fãs de música que compartilham dos mesmos gostos.

A Mais Sertaneja
Onde é sediada: Brasil
Estilo: Música sertaneja e country. Ativa desde janeiro de 2011, a rádio toca desde os clássicos da música sertaneja raiz (como Tonico & Tinoco) até nomes consagrados como Roberta Miranda e Chitãozinho & Xororó.

AccuRadio
Onde é sediada: Estados Unidos
Estilo: Oferece uma grande variedade de estações para muitos gêneros musicais específicos. Os canais mais acessados são Sixties Oldies, Modern Rock Classics, Adult Alternatives, Smooth Jazz e Comedy.


Beatlesrama
Onde é sediada: Estados Unidos
Estilo: Parada obrigatória para os fãs dos quatro rapazes de Liverpool. Toca o material original dos Fab Four e músicas de suas carreiras solo, versões por outros artistas e bandas que têm alguma ligação com os Beatles.

Best Radio Brasil
Onde é sediada: Brasil
Estilo: Música pop com boa qualidade de streaming.

Birdsong Radio
Onde é sediada: Reino Unido
Estilo: Já imaginou dar uma acalmada no stress do trabalho com os sons suaves do canto dos pássaros pela manhã? Pois é, é justamente para isso que serve a Birdsong.

Black Metal Domain
Onde é sediada: Holanda
Estilo: A vertente mais sombria do heavy metal.

Brasil 2000
Onde é sediada: Brasil
Estilo: A Brasil 2000 já foi considerada a melhor rádio rock FM de São Paulo, apresentando programas com humor inteligente e irreverência. Em 2011 a rádio deixou de existir como emissora FM e mantém o som de qualidade na rede.


Classical Music America
Onde é sediada: Estados Unidos
Estilo: Para aqueles mais chegados em música clássica, esta estação traz uma programação repleta de programas dedicados a diferentes períodos, compositores e gêneros.

DM Pulse
Onde é sediada: Estados Unidos
Estilo: Indie rock e alternativo. Toneladas de bandas como Arcade Fire, The National, Interpol, Black Keys, Radiohead e Band of Horses.

Fusion
Onde é sediada: Brasil
Estilo: Música pop contemporânea, de Adele a LMFAO.

Grooveshark
Onde é sediada: Estados Unidos
Estilo: Apesar de não ser uma estação de rádio convencional, é um dos sites preferidos dos internautas - justamente pela facilidade para criação de listas de reprodução próprias para audição via streaming. As publicidades na tela não atrapalham tanto, mas elas somem se você optar por pagar 3 dólares por mês pela assinatura.


GrungeFM
Onde é sediada: Estados Unidos
Estilo: Toca todas as famosas bandas grunges dos anos 90, como Nirvana, Alice in Chains, Pearl Jam, além de outras menos conhecidas, como Tad, Green River e Babes in Toyland.

J-Hero
Onde é sediada: Brasil
Estilo: Webradio que tem como público-alvo os otakus (apreciadores de animes, mangás, J-Music e games), divulgando e difundindo a cultura oriental no Brasil.

LastFM
Onde é sediada: Estados Unidos
Estilo: A Last FM foi uma das pioneiras da categoria de rádio na internet, com o conceito de apresentar sugestões personalizadas com base nas músicas ouvidas pelo usuário. A Last FM também é uma rede social, na qual você pode se conectar com outros usuários e descobrir gostos musicais semelhantes. A versão paga do serviço custa 3 dólares por mês e permite que o ouvinte forme sua rádio de acordo com seus artistas favoritos.

Nu-Perception Radio
Onde é sediada: Reino Unido
Estilo: Perfeita para quem gosta de ritmos eletrônicos como Drum n' bass, Jungle e afins. Fãs de rave e trance podem redescobrir suas músicas favoritas nessa webradio.

Punk Rock 77 Thru Today
Onde é sediada: Estados Unidos
Estilo: O nome já diz tudo. A emissora abrange bandas punk, tocando desde Ramones, Sex Pistols, Dead Kennedys até nomes mais novos como The Putdown e The Beldings.


Lembrança
Onde é sediada: Brasil
Estilo: A Lembrança é uma Rádio e TV Web que resgatar clássicos que marcaram épocas e gerações passadas. Com um toque eclético, recorda canções dos anos 50 até a década passada.

Rockabilly Riot Radio
Onde é sediada: Estados Unidos
Estilo: Rock influenciado pelos primórdios do estilo, como Elvis e Bill Haley & His Comets, mas também apresentando novos artistas que mantém a chama do Rockabilly acesa.

Sertanejo Universitário
Onde é sediada: Brasil
Estilo: Para aqueles que gostam da vertente mais jovem do sertanejo. Nomes da nova geração como Luan Santana e Gusttavo Lima e marcam forte presença na programação.

Stronda
Onde é sediada: Brasil
Estilo: Rádio com quatro anos de existência que aposta em um estilo mais pop e eclético, tocando Maroon Five, Katy Perry, NX Zero, Restart, One Direction e funk carioca.


FunkySential Radio
Onde é sediada: Reino Unido
Estilo: Para aqueles que gostam de Black Music internacional, englobando Funk, Soul e Motown.

UHHD
Onde é sediada: Brasil
Estilo: Hip-Hop e rap underground nacional e internacional.

Youngospel
Onde é sediada: Brasil
Estilo: Rádio gospel destinada aos jovens, apresentando canções de louvor em diversos estilos.

quarta-feira, 3 de outubro de 2012

Fiona Apple supera escândalo e faz show intenso em Miami

Cantora segue com a turnê do novo disco,The Idler Wheel..., após prisão no Texas


*Matéria originalmente publicada no site da revista Rolling Stone Brasil.

"Não existe publicidade ruim", diz o ditado popular. Mas justificar a atenção recebida após um escândalo não é uma tarefa fácil - a não ser que a protagonista seja Fiona Apple. No dia 19 de setembro, a cantora voltou aos noticiários após ser presa por posse de haxixe e maconha, em uma cidade no Texas. Apesar de ter a fiança paga rapidamente para continuar a turnê do disco The Idler Wheel..., o fato rendeu mais algumas manchetes: acusações de abuso por parte da polícia durante sua prisão e o pedido público de desculpas aos fãs em um show em Nova Orleans. Mas ao subir ao palco do Jackie Gleason Theater no último domingo, 30, em Miami Beach, Fiona mostrou que o episódio polêmico ficou para trás.

Ao dar mais atenção às músicas de seu novo álbum (lançado em junho deste ano) e de When The Pawn... no repertório, Apple se deu o luxo de deixar de fora "Criminal" – seu maior hit - e sentar poucas vezes ao piano, concentrando-se apenas em cantar e tocar algumas percussões no centro do palco. Logicamente, os fãs devotados que lotaram o teatro para ver o show não reclamaram.


Às 20h15, o guitarrista Blake Mills subiu ao palco para iniciar o show de abertura. Integrante da banda de apoio de Fiona, o músico é dono um currículo extenso, incluindo colaborações com artistas como Norah Jones, Julian Casablancas, Band of Horses e até mesmo Kid Rock. Ao iniciar seu set de maneira intimista, acompanhado apenas da própria guitarra, Mills avisou que o baixista Sebastian Steinberg, a baterista Amy Wood e o tecladista Zac Rae subiriam ao palco ao longo das canções. A apresentação de quase 40 minutos contou com sete números, incluindo material de seu disco Break Mirrors e músicas novas, como a country "Don't Tell All Your Friends About Me".

Às 21h24 a banda voltou ao palco, desta vez com Fiona Apple. Os trajes brancos e a luz excessivamente clara ressaltavam a silhueta franzina da cantora, conferindo a ela uma aparência quase fantasmagórica. Mas contagiada pelo ritmo urgente de "Fast As You Can", Fiona não se manteve estática e logo arriscou saltos e trejeitos erráticos segurando o pedestal do microfone. Na sequência, assumiu o piano para uma versão pesada de "On The Bound", com maior destaque para a guitarra de Blake, que arriscava solos quando Apple não rasgava sua voz no refrão "você é tudo que eu preciso".

O hit "Shadowboxer" veio em seguida e foi ovacionado conforme a cantora tocava as primeiras notas no piano. A canção contou com um momento catártico para o público, que cantava o refrão em coro. O entusiasmo da plateia foi emendado em outra faixa preferida dos fãs: "Paper Bag". A partir daí, eram recorrentes gritos exagerados como "você é linda" e "Fiona, eu te amo" durante as músicas.



"Sleep to Dream" surgiu calma, mas aos poucos preparou o clima para que Fiona desse início aos seus momentos performáticos, com espasmos e movimentos frenéticos enquanto permanecia sentada no chão. A singela "Extraordinary Machine" veio em seguida, como se aparecesse estrategicamente no setlist para aquietar os ânimos da cantora.

Mas a calmaria não durou muito; o caráter quase psicótico de Fiona voltou à tona após uma interpretação intensa de "I Know". Ajoelhada e de cabeça baixa, a cantora introduziu "Tymps (the Sick in the Head Song)" trocando berros instigantes com seu baixista. Ao vivo, a canção ganhou uma versão estendida com um crescendo que serviu de trilha para mais uma 'sessão de descarrego' da artista, que quase desmontou um pedestal enquanto era refém da própria agitação. Na sequência, veio a serena "Every Single Night" - mais um número calmo para sossegar os nervos.



"Not About Love" foi o ponto alto da apresentação. Tocada com um peso que ressaltou as pausas repentinas da composição, o suspense logo deu lugar a pequenas improvisações, que foram a deixa para que a guitarra de Mills brilhasse à vontade.

Depois do momento mais roqueiro da noite, o tranquilo cover de "It’s Only Make Believe" (de Conway Twitty) surgiu em clima de redenção. Ao final, Apple foi ao microfone para se despedir do público, sem bis. "Muito obrigada, tivemos uma noite maravilhosa." Saiu saltitando do palco rumo aos bastidores, como se encarnasse uma bailarina desengonçada.


Veja abaixo o set list da apresentação:

"Fast As You Can"
"On The Bound"
"Shadowboxer"
"Paper Bag"
"Anything We Want"
"Get Gone"
"Periphery"
"Sleep To Dream"
"Extraordinary Machine"
"Werewolf"
"Left Alone"
"I Know"
"Tymps"
"Every Single Night"
"Daredevil"
"Not About Love"
"It’s Only Make Believe"

segunda-feira, 13 de agosto de 2012

O Rappa vai além do banzo brasileiro e cativa o Lollapalooza

Banda abriu as atividades de um dos palcos do festival, em Chicago, e foi bem recebida pelo público


*Matéria originalmente publicada no site da revista Rolling Stone Brasil.

Abrir um dos palcos principais de um festival grande não é tarefa fácil para nenhum artista – especialmente se este mesmo palco é fora de sua terra natal e o headliner é ninguém menos que o Black Sabbath. Mas os brasileiros d’O Rappa não se intimidaram com a responsabilidade de iniciar as atividades do Bud Light Stage do Lollapalooza Chicago e fizeram um show intenso no início da tarde desta sexta-feira, 3.

Sob a mira de um forte sol e um calor de aproximadamente 33 graus, o grupo iniciou o show às 12h45 para o público que ainda chegava ao Grant Park. Não era difícil enxergar o verde e amarelo de camisetas e bandeiras empunhadas por brasileiros em frente ao palco. Mas já pela terceira canção do repertório, a plateia não seria exclusivamente de compatriotas saudosos do Brasil.

Se Perry Farrell (vocalista do Jane’s Addiction e idealizador do Lollapalooza) ficou impressionado com o grupo a ponto de convidá-lo para ser a única banda brasileira a tocar na edição norte-americana do festival, pode-se dizer que o efeito não foi diferente na plateia de Chicago. Mesmo que os elogios rasgados de Farrell beirem o exagero (o músico chegou a descrever o vocalista Falcão como “o novo Bob Marley”), o público dos Estados Unidos definitivamente enxergou algo de especial na mistura de reggae, rock e hip-hop da banda carioca. E O Rappa respondeu à altura com uma apresentação vigorosa.

Arriscando poucas frases em inglês – talvez por algum nervosismo –, Falcão limitou-se a chamar Chicago de “cidade linda” e agradecer a presença do público. Um intérprete foi chamado ao palco para anunciar tardiamente a banda e a canção “A Minha Alma (A Paz Que Eu Não Quero)”. A partir daí, ficou claro que não era preciso nenhum tipo de diplomacia no idioma local para conquistar os norte-americanos presentes.

Apoiados por músicos extras, Xandão (guitarra), Lauro (baixo) e Lobato (teclados), apresentaram versões raivosas de “Hey Joe”, “Me Deixa” e “Lado B Lado A”. O único tropeço foi quando O Rappa se perdeu ao tocar uma versão bem improvisada de “Smoke On The Water”, do Deep Purple. Mas a brincadeira não apagou o brilho da apresentação e o grupo deixou o palco sob aplausos.

A receptividade do público local podia ser atestada também pelo Twitter: além dos brasileiros presentes elogiando o show, era possível acompanhar reações do público local, como “impossível não sacudir a cabeça ao ouvir O Rappa. Muita energia”. A revista Chicago Monthly não perdeu o bonde e cravou: “A atração mais impressionante do início da tarde: os brasileiros d’O Rappa, uma banda grande tanto em tamanho quanto em som”. Nada mal para uma “banda de guerreiros”, segundo o próprio Falcão.

Veja a banda tocando "Hey Joe" no festival:



Setlist

Reza Vela
Meu Mundo É O Barro
Homem Amarelo
O Salto
Minha Alma (A Paz Que Eu Não Quero)
Me Deixa
Hey Joe
Lado B Lado A

sexta-feira, 10 de agosto de 2012

Balanço Lollapalooza Chicago: acertos e dicas para a edição brasileira

*Matéria originalmente publicada no Portal Vírgula.


As datas da segunda edição brasileira do Lollapalooza mal foram anunciadas e já estão pipocando por aí possíveis atrações para o festival, que só vai acontecer nos dias 29, 30 e 31 de março de 2013, em São Paulo: Pearl Jam, Franz Ferdinand, Jack White e Black Keys encabeçam a lista dos rumores, que só devem ser confirmados ou desmentidos em setembro.

Enquanto a organização do evento testa nossos nervos e mantém guardada essa escalação a sete chaves, o Virgula Música resolveu fazer um balanço da edição gringa do festival, que aconteceu de 3 a 5 de agosto em Chicago. Vamos lá? Quem sabe serve de dica ou antecipação para algumas implementações na edição brasileira...

PALCOS


O Lolla Chicago contou com oito palcos: Bud Light, Playstation, Google Play, BMI, Kidzapalooza, Perry’s, Sony e Red Bull Soundstage. As atrações principais, como Black Sabbath, Red Hot Chili Peppers e Jack White se dividiam no Bud Light e Red Bull (os palcos maiores). Sony e Playstation intercalavam seus shows com os headliners nos palcos maiores e BMI e Google Play alternavam apresentações de artistas mais novos e/ou experimentais. O Perry’s evoluiu de uma tenda eletrônica modesta para um palco maior com telões, e algumas vezes o som frenético dos speakers chegou a encobrir a equalização dos palcos vizinhos. Um exemplo foi durante a apresentação do tUnE-yArDs, que teve a execução de uma música mais calma totalmente ofuscada pelo bate-estaca furioso do Skream & Benga.



A primeira edição do Lolla no Brasil contou com cinco palcos: Cidade Jardim, Butantã, Palco do Perry, Alternativo e uma versão mais modesta do Kidzapalooza (na versão gringa, o palco se estende para mais tendas e atrações interativas, saiba mais aqui). Diferente deste ano, que contou com dois dias, o Lolla Br 2013 terá três dias. Esse dia extra abre margem para mais atrações, mas serão necessários mais palcos também?

A parte ruim de um número maior de palcos seria o trânsito dentro do festival: no Lolla Chicago, alternar entre atrações de diferentes partes do Grant Park embaixo de um sol de 30 graus exigiu muito preparo físico do público. Por exemplo, quem quisesse conferir o show d'O Rappa no palco Bud Light e em seguida ver o Dr. Dog no Red Bull Soundstage, teria que atravessar o parque todo (cerca de um quilômetro).


ALIMENTAÇÃO

Toda comida de festival de música é só pra enganar o estômago, certo? Errado. No Lolla Chicago, o chef Graham Elliot foi convocado para ser o curador da Chow Town, a praça de alimentação do festival. Contando com barracas representando 36 fornecedores entre restaurantes, lanchonetes de fast-food e cafés (independentes ou de rede), era possível você escolher facilmente se queria um tira-gosto, um lanche rápido ou forrar a barriga de verdade. E tudo isso com preços variando de US$ 3 a US$ 12, então você não morreria de fome ali por nada. 




BEBIDAS


O festival espalhou nada mais nada menos que 17 bares pelo Grant Park, dificultando a formação de filas quilométricas. OK, a cerveja e a garrafa d’água eram caras: US$ 6 e US$ 3, respectivamente. Mas ainda assim havia um belo de um 'chorinho': você podia entrar com uma garrafa de plástico cheia desde que ela ainda estivesse lacrada, ou também poderia entrar com uma garrafa vazia para ser abastecida com água em um dos quatro postos espalhados pelo evento.


DIVERSIDADE


O Lolla Chicago não chamou apenas atrações de língua inglesa para seus palcos. Além dos brasileiros d’O Rappa, o festival trouxe os chilenos do Los Jaivas e os africanos Amadou & Mariam. Ah, você também pode considerar nessa lista o Sigur Rós - já que muita gente não faz ideia do que eles cantam no tal dialeto Vonlenska.

A diversidade em vertentes musicais também valeu a pena: apesar de escalar três bandas de rock recém-reunidas (Black Sabbath, At The Drive-In e Afghan Whigs) e um veterano do festival (esta foi a terceira participação do Red Hot Chili Peppers) para fazer a festa dos fãs saudosos, o Lolla Chicago também trouxe novidades como o fun., GIVERS, Die Antwoord e Frank Ocean.


SEGURANÇA


Certo, o anúncio da tempestade e a paralização do festival no meio das atrações pegou todo mundo de surpresa e deixou uma sensação de “e agora?”, mas a organização do Lollapalooza soube ter paciência e instruir tranquilamente ao público como sair do festival, indicando alguns estacionamentos ao redor para servir como abrigo durante a chuva. Quem aí ficou gripado no SWU do ano passado toca aqui.


CAIXAS

Nem todos os estandes de alimentação aceitavam cartão de crédito, mas o festival contava com oito localidades para caixas eletrônicos, o que ajudou a garantir a baixa ocorrência de filas nas barracas. No Brasil, o procedimento padrão é a compra de fichas em um caixa específico para depois trocá-las por comida e bebida em outro quiosque, exigindo tempo e paciência do pessoal. Será que seria muito difícil utilizar o mesmo modelo norte-americano?


HIGIENE

O Grant Park estava equipado com sete grandes unidades de banheiros químicos, e eram poucas as filas para utilização das cabines. Na saída, totens especiais de plástico garantiam aquela higienizada nas mãos com uma espuma especial.

As latas de lixo normal e reciclável eram visíveis em todo canto, então não havia desculpa para jogar garrafas e outros dejetos no chão. Mesmo assim, alguns catadores estavam por perto para fazer a parte dos porcalhões que deixavam algum rastro de sujeira para trás.


OUTRAS ATRAÇÕES

Quem tinha uns minutos livres entre uma atração e outra no Lolla, podia passar o tempo se distraindo com os estandes de patrocinadores como Fender, Sony e Ray-Ban: passeando por eles, era possível experimentar guitarras famosas, jogar umas partidas de Playstation ou fazer um pequeno tour sobre capas de discos lendárias.

Kidzapalooza: os pequenos rockstars do Lollapalooza Chicago

*Matéria originalmente publicada no Portal Vírgula.


Além dos shows nos palcos principais, o Lollapalooza Chicago trouxe uma diversão voltada especialmente para o público infantil: o Kidzapalooza, uma área mais tranquila do festival com atrações para toda a família - visto que a organização do evento encorajou a entrada gratuita de crianças acompanhadas pelos pais.

O Kidzapalooza foi criado por Hyams Tor e estreou durante a edição de 2005 do Lollapalooza. Segundo o idealizador do palco, os três critérios utilizados para montar o line-up de atrações é "que seja muito legal", "que tenha bandas locais" e "que tenha oportunidades interativas para crianças e famílias".

Contando com um palco de porte menor e várias tendas com atividades diversas, o Kidzapalooza também servia como um belo pit stop arborizado para que os adultos pudessem descansar da corrida maratona de shows que aconteciam nos palcos maiores. No palco, apresentações do School of Rock (sim, a Escola do Rock do filme com Jack Black existe de verdade), o guitarrista-prodígio Quinn Sullivan, a cantora Laura Doherty, Dan Zanes, além de participações de grupos circenses.



Mas entre as tendas que compunham a área do Kidzapalooza, era possível exercitar o corpo na Rock Star Yoga, mudar o visual dos pimpolhos com Funky-Hairdooz e Cool Tattooz (tudo com tinta fácil de tirar, claro), gravar um vídeoclipe no Rock Star Video Karaoke, entre outras coisas. Mas a tenda que mais se destacava era a de workshop de hip-hop para crianças, na qual o professor era um MC carismático que tentava ensinar e encorajar as crianças a fazer suas rimas:



segunda-feira, 6 de agosto de 2012

Jack White revive músicas do White Stripes e fecha festival com maestria

*Matéria originalmente publicada no Portal Vírgula.


“Como encerrar um festival que tem Black Sabbath e Red Hot Chili Peppers como headliners nas noites anteriores? No mínimo, você precisa de uma banda muito boa. Porque não duas?”. Deve ter sido mais ou menos assim que Jack White pensou quando foi escalado para fechar o Lollapalooza Chicago. Se não bastaria complementar o repertório de sua carreira solo com músicas do White Stripes, Raconteurs e Dead Weather, o guitarrista botou as suas duas excelentes bandas de apoio para arrebatar o público neste domingo (5).

Iniciando o show com Los Buzzardos, sua banda masculina que conta com Dominic Davis (baixo), Daru Jones (bateria), Fats Kaplin (pedal steel), Ikey Owens (teclados) e Cory Younts (vocais, violino e instrumentos adicionais), Jack White mergulhou fundo no repertório do White Stripes, optando por reinterpretar as canções com arranjos mais trabalhados. A suja e pesada “Dead Leaves and The Dirty Ground” ganhou uma versão orientada por um piano rock ‘n’ roll, surpreendendo a plateia. Em “Wasting My Time”, o guitarrista fez um duelo de solos marcante contra o violino de Younts.

O medley “Cannon/ Nitro/ John the Revelator” estampou vários sorrisos nos fãs do material inicial da finada dupla, e White aproveitou para fazer graça da tempestade que quase cancelou o festival na noite anterior. “Tivemos sorte que não choveu hoje, não?”



“Take Me With You When You Go” antecipou o momento de transição entre a primeira banda de apoio e as Peacocks (a banda feminina), com a participação da cantora Ruby Amanfu. Enquanto White dedilhava “Love Interruption” no violão, os roadies preparavam o palco para a segunda banda. Se o início do show com Los Buzzardos surpreendeu pela pegada forte dos músicos, o ritmo não poderia cair com as Peacocks. E Catherine Popper (baixo), Carla Azar (bateria), Lillie Mae Rische (multi-instrumentista), Brooke Waggoner (teclados) e Maggie Bjorklund (pedal steel) não deixaram por menos: em mais uma sequência de canções dos projetos anteriores de White, “Top Yourself”, “Blue Blood Blues” e “Ball and Biscuit” ganharam versões ainda mais afiadas que as originais, abusando de solos e improvisos.

White retornou ao palco para um bis cheio de hits: “Steady As She Goes” foi entoada pela plateia com a mesma exatidão de “The Hardest Button To Button”. “Freedom At 21” - uma das canções mais fortes da fase solo do guitarrista - foi tocada de maneira fiel à gravação original e deu lugar à saideira apoteótica com o maior hit do White Stripes: “Seven Nation Army”. O efeito foi tão brilhante que o público do Lollapalooza deixou o Grant Park entoando o riff da música em coro.



Setlist

Sixteen Saltines
Black Math (White Stripes)
Missing Pieces
Dead Leaves and the Dirty Ground (White Stripes)
Wasting My Time (White Stripes)
Hypocritical Kiss
Cannon/ Nitro/ John the Revelator (White Stripes)
The Same Boy You've Always Known (White Stripes)
Take Me With You When You Go
Love Interruption
Weep Themselves to Sleep
Hotel Yorba (White Stripes)
Top Yourself (Raconteurs)
Blue Blood Blues (Dead Weather)
Ball and Biscuit (White Stripes)

Bis
Steady As She Goes (Raconteurs)
The Hardest Button to Button (White Stripes)
Freedom At 21
Seven Nation Army (White Stripes)

At The Drive-In sacia fãs saudosos no Red Bull Soundstage

*Matéria originalmente publicada no Portal Vírgula.


Mais um fruto da recorrente ‘onda de turnês de reunião’ que virou moda entre bandas de décadas passadas, o At The Drive-In subiu ao Red Bull Stage neste domingo (5) para saciar a saudade de fãs antigos e, principalmente, a curiosidade daqueles que nunca viram o grupo ao vivo.

Depois de lançar o disco Relationship of Command - considerado um marco do post-hardcore - em 2000, o grupo encerrou as atividades um ano depois, cancelando a turnê de divulgação do trabalho e restringindo seu estouro no mainstream. Com o término, mais duas bandas foram originadas: o agressivo Sparta e o neo-progressivo The Mars Volta. Em janeiro deste ano, o grupo anunciou uma reunião para algumas datas, incluindo uma participação no festival Coachella, na qual seus integrantes pareceram um pouco desconfortáveis e desentrosados.

Para a sorte do público de Chicago, no Lollapalooza foi diferente. Cedric Bixler-Zavala (vocais), Omar Rodríguez-López (guitarra), Jim Ward (guitarra, teclados), Paul Hinojos (baixo) e Tony Hajjar (bateria) fizeram uma apresentação um pouco mais consistente e uma atitude mais relaxada no palco - com exceção de Omar, que se limitou ao canto esquerdo do palco, sem esboçar empolgação ou vontade de estar ali durante petardos como “Arcarsenal”, “Pattern Against User” e “Chanbara”.

A postura do guitarrista só confirma o que já havia dito em entrevistas sobre o retorno da banda: essa reunião do At The Drive-In é passageira e serve apenas para aproveitar o reconhecimento (leia-se grana) que a banda não obteve quando ainda estava na ativa. 
Por outro lado, Cedric deu um show à parte. Zavala não foi apenas um vocalista e sim um verdadeiro showman: em meio às canções, fazia piadas e provocava a plateia com suas estripulias no palco.



A capacidade de Cedric como entertainer foi colocada à prova quando problemas técnicos paralisaram o show por quase cinco minutos. Apostando no absurdo, o vocalista pediu para que o público jogasse coisas no palco e iniciou um monólogo estranho sobre chinelos. “O que estou procurando é parecido com Havaianas”, disse. Uma fã correu para lançar as suas no palco, mas Cedric respondeu, sarcástico: “por favor, não jogue seus chinelos prateados de hipster em mim. Não é desse tipo que estou falando. Eu quero daqueles chinelos que sua vovozinha faz para você”.

No final, Cedric encenou um diálogo com vozes estranhas para anunciar a faixa mais esperada da apresentação: “One Armed Scissor”. Ao fim da canção, a banda simplesmente deixou o palco sem dizer nada. Mas para os fãs que anos atrás sequer tinham esperança de ver o grupo ao vivo, não havia do que reclamar.



Setlist

Arcarsenal
Pattern Against User
Chanbara
Lopsided
Sleepwalk Capsules
Napoleon Solo
Quarantined
Enfilade
Pickpocket
Metronome Arthritis
Non-Zero Possibility
Catacombs
One Armed Scissor

Florence + The Machine deixa fãs em estado de graça no Lollapalooza

*Matéria originalmente publicada no Portal Vírgula.


“Nós somos Florence + The Machine e nós queremos alguns sacrifícios humanos”. Com esta frase, Florence Welch desencadeou um dos momentos mais marcantes do Lollapalooza Chicago, neste domingo (5). Ao apresentar a música “Rabbit Heart (Raise It Up)”, a vocalista pediu aos fãs presentes que levantassem seus companheiros ou vizinhos nos ombros.

“Nós queremos seus corpos! Então se vocês estão agora com pessoas que gostam, amam ou apenas acabaram de conhecer, queremos que você as levante nos ombros”. Prontamente atendida por vários membros da plateia, a ruiva certamente se orgulhou da adoração quase religiosa por parte de seus admiradores.

Essa devoção não é por menos. Performática, Florence ressalta suas qualidades vocais fazendo trejeitos ensaiados de acordo com o andamento de suas músicas. Dois ventiladores colocados estrategicamente ao seu redor no palco fazem com que seu vestido se torne esvoaçante. Some isso a canções com crescendos propícios para o delírio da plateia e temos uma legião de fãs em estado de graça.

No repertório do show, a banda deu prioridade ao álbum mais recente, Ceremonials. Mas é claro que o hit “Dog Days Are Over” não ficou de fora. Tocada após “Shake It Out”, a música foi o ponto alto da apresentação, com centenas de fãs (a maioria do sexo feminino) batendo palmas de acordo com a canção.


Setlist

Only If for a Night
What the Water Gave Me
Cosmic Love
Rabbit Heart (Raise It Up)
Spectrum
Heartlines
Leave My Body
Breath Of Life
Shake It Out
Dog Days Are Over
Never Let Me Go
No Light, No Light

domingo, 5 de agosto de 2012

Sem muito esforço, Franz Ferdinand bota público para dançar

*Matéria originalmente publicada no Portal Vírgula.


Os escoceses do Franz Ferdinand subiram ao palco Bud Light do Lollapalooza Chicago no último sábado (4) para exercer sua especialidade: botar o povo pra dançar. Alex Kapranos (vocais e guitarra), Bob Hardy (baixo), Nick McCarthy (guitarra e teclados) e Paul Thomson (bateria) apresentaram um repertório que mesclou composições inéditas com sucessos da carreira da banda.

O grupo começou seu set com a já clássica “The Dark of the Matinée”, com Kapranos injetando uma boa dose de empolgação no público. O resultado foi instantâneo e os fãs responderam dançando até mesmo nos momentos menos propícios para balançar o corpo, como “Walk Away”.

Depois de ter ganho a plateia sem muito esforço, o grupo emendou uma composição nova chamada “Right Thoughts! Right Words! Right Action!”, que seria percebida por um espectador desavisado como mais um hit da banda. Depois de apostar em mais uma favorita dos fãs, com “Michael”, o Franz Ferdinand resolveu brindar os presentes com mais uma música inédita: “ Scarlet Blue”. Ambas as canções devem ser incluídas no próximo disco do grupo, ainda sem data certa de lançamento.




“Do You Want To” veio em seguida, atraindo o público que se deslocava dos outros palcos ao redor do Bud Light. “Can’t Stop Feeling” preparou o terreno para que o Franz desferisse seu maior trunfo: o sucesso “Take Me Out”. Mas apesar das alegres coreografias empreendidas pelos espectadores no gramado do Lollapalooza, Bob Hardy mantinha um olhar indiferente, quase como se transparecesse cansaço em tocar a música pela milésima vez.



O grupo deixou para o final o já tradicional momento em “Outsiders”, no qual todos os membros se juntam ao baterista para uma extensa exibição percussiva. Para arrematar, a banda tirou da manga mais um hit: “This Fire”. Foi o golpe de misericórdia para a plateia, que com certeza saiu dali com algumas calorias a menos.




Setlist

The Dark of the Matinée
No You Girls
Walk Away
Right Thoughts! Right Words! Right Action!
Michael
Scarlet Blue
Do You Want To
Can't Stop Feeling
Take Me Out
Ulysses
Outsiders
This Fire 

Red Hot Chili Peppers encerra dia problemático do Lollapalooza com belo show

*Matéria originalmente publicada no Portal Vírgula.


“Pessoal, isso é sério: vamos ter que fechar o festival e evacuar o parque”. Esse foi um dos vários avisos que surgiram nos microfones dos palcos do Lollapalooza Chicago, no último sábado (4). A previsão do Serviço Nacional de Meteorologia (NWS) de que uma forte tempestade estava para acontecer na região do Grant Park deixou os organizadores do evento em estado de alerta, colocando em xeque os shows principais daquela noite. Mas cinco horas depois, o Red Hot Chili Peppers estava no palco fazendo o show que pode ter registrado o maior público desta edição do festival.

Anthony Kiedis e Flea, respectivamente vocalista e baixista considerados o núcleo da banda, são calejados em histórias de superação pessoal: problemas familiares, luta contra vícios e a perda de Hillel Slovak (o primeiro guitarrista dos Chili Peppers, falecido em 1988). Com um currículo desses, a tarefa de eclipsar a confusão ocorrida à tarde e fechar o segundo dia do Lollapalooza com chave de ouro fica fácil.



Em sua terceira participação no festival (o grupo já tocou nas edições de 1992 e 2006), o Chili Peppers começou com a barulhenta “Monarchy of Roses”, faixa de abertura do disco mais recente, I’m With You. Mas foi a partir de “Around The World” que a apresentação esquentou de verdade, com várias pessoas trocando os beats eletrônicos do palco Perry pelos slaps de Flea no baixo. A migração de público continuou durante “Snow ((Hey Oh))” e terminou a tempo de “Otherside” ser recebida com empolgação pela plateia, que cantava a letra a em uníssono. Nem mesmo um pequeno erro de Anthony Kiedis na transição do verso para o refrão atrapalhou o coro dos fãs.

“Look Around” veio para trocar o ‘momento karaokê’ do show por uma cadência um pouco mais dançante, que teve seu auge depois de um longo improviso que serviu como introdução para “Can’t Stop”. O grupo só foi recorrer a composições mais antigas depois de uma versão estendida de “If You Have to Ask”, que foi recebida de maneira morna em relação ao catálogo recente. Essa diferença na receptividade do repertório também ficou clara durante “Suck My Kiss”, que gerou comoção somente nos membros mais velhos da plateia. Até mesmo o clássico “Under The Bridge” não foi entoado pelo público com a mesma força de hits como “Californication” e “By the Way”. Pelo visto, os Chili Peppers envelhecem, mas seu séquito se renova cada vez mais.

Com uma rápida pausa e retorno para o bis com “Brendan's Death Song” a estrela de Josh Klinghoffer pode ser notada com mais intensidade. Guitarrista melódico que também sabe encaixar boas doses de barulho em seus solos, Klinghoffer se revelou uma escolha certeira depois que John Frusciante deixou o grupo. Com ele, Flea e o baterista Chad Smith passaram a improvisar mais ao vivo (prática que ocorreu diversas vezes no palco) e Kiedis encontrou um backing vocal mais presente.

Em seguida veio o ritmo frenético de “Give it Away” e com ela um momento de catarse de Flea. “Muito obrigado, nós amamos vocês. Apreciem a música ao vivo, nunca a deixem morrer”. Depois de um show desses, será que precisava pedir?



Setlist

Monarchy of Roses
Around the World
Snow ((Hey Oh))
Otherside
Look Around
Throw Away Your Television
Can't Stop
If You Have to Ask
The Adventures of Rain Dance Maggie
Suck My Kiss
Under the Bridge
Goodbye Hooray
Californication
By the Way

Bis
Brendan's Death Song
Give It Away