segunda-feira, 28 de novembro de 2011

"Foi muita burrice o RPM ter parado", diz Paulo Ricardo

*Matéria originalmente publicada no Portal Vírgula.


O RPM está de volta – de novo. Famoso na década de 80 por clássicos como "Loiras Geladas", "Olhar 43" e "Rádio Pirata", o grupo formado por Paulo Ricardo (voz e baixo), Luiz Schiavon (teclados), Fernando Deluqui (guitarra) e P.A. (bateria) promete voltar aos holofotes com o novo álbum Elektra, lançado em 20 de novembro.

"Não fazia música há dois anos e estava com medo de passar por um certo bloqueio", explicou Paulo Ricardo, rasgando seda para o parceiro de composições Luiz Schiavon. "É lindo e inexplicável o que tenho com ele. Escrevemos umas 4 ou 5 letras na mesma noite. Foi uma burrice a gente ter parado", lamentou o vocalista.

O RPM já passou por cinco reuniões anteriormente – em 1993, 1994, 2001,2003 e 2008 – mas somente agora que o grupo retorna com material novo, após 23 anos sem lançar músicas inéditas com a formação clássica. O grupo começou a ensaiar uma volta definitiva em 2002 quando gravou CD e DVD ao vivo pela MTV, mas logo se separaram novamente. De acordo com o vocalista, o requisito principal para esta nova volta era um trabalho ímpar.

"A escolha do repertório partiu do zero. A prioridade era realizar um trabalho com músicas novas. Para isso, começamos o processo de composição em dezembro de 2010", explicou Schiavon. Em seguida, o grupo iniciou uma turnê em maio de 2011, no Credicard Hall, em São Paulo. Após cerca de 60 shows que pretendiam fazer jus às megaproduções características do grupo durante os anos 80 (contando com tela transparente em frente ao palco e projeções de luz), o RPM veio com um disco um pouco mais dançante, com forte presença de elementos eletrônicos. Parte dessa nova fase também se reflete no álbum contar com um CD extra, contendo sete remixes.

"Não estamos numa seara nova, estamos explorando com mais recursos coisas que já tínhamos, usando elementos eletrônicos com outras tecnologias", ressaltou Schiavon. Paulo Ricardo explicou que os remixes são "mais voltados para as pistas de dança e rádio".

Em entrevista ao Virgula Música, o grupo contou mais detalhes sobre o novo disco, como está correndo esta nova volta do RPM, entre outros assuntos. Leia abaixo.

 

Virgula Música - O RPM já parou e voltou algumas vezes. O que vocês acham que está diferente neste novo retorno?

Schiavon – O relacionamento pessoal, o respeito recíproco, a tolerância, a alegria de tocar junto, o amadurecimento, a evolução pessoal. Não só do plano espiritual, mas também como músicos. Isso tudo dá uma segurança, pegamos a estrada de maneira alegre. Hoje subimos no palco para nos divertir. E isso contagia o público. E não é porque estamos no começo da turnê, porque já fizemos uns sessenta shows...

Virgula Música – E já chegou em um nível que vocês não se sentiam mais animados em fazer isso? Quando foi o ápice disso?

Deluqui – Quando demos as paradas anteriores. Em alguns momentos os interesses já não eram os mesmos, e isso é o que geralmente acontece com as bandas e os casamentos. Os casamentos acabam porque as pessoas já não têm os mesmos objetivos. Quando isso aconteceu com a gente, também paramos. Isso aconteceu com os Beatles, os Stones, várias bandas.

Schiavon – Pois é isso, das últimas vezes fomos até onde deu e paramos. Tivemos várias razões, mas no geral era sempre ligado à conceituação musical: o que fazer, para onde ir, como tocar a banda para a frente. Talvez tenhamos parado por não ter uma pessoa que nos indicasse o valor que temos juntos, de como é difícil tocar e fazer sucesso como fizemos um dia. Hoje vemos que paramos com a banda por bobagem, coisa que não faríamos hoje em dia.

Paulo Ricardo - É engraçado, porque antes eu estava passando por um período sem compor, cerca de uns dois anos sem escrever nada. Daí de repente quando nos juntamos, surgiram umas 4 ou 5 letras em uma só noite. Tocar e compor com o RPM é um privilégio, foi muita burrice nossa ter parado com tudo isso por tanto tempo.

Virgula Música – O novo disco tem características bem fortes de toques eletrônicos. Como surgiu esse direcionamento?

Paulo Ricardo – Não é exatamente algo que nunca fizemos antes. Surgimos em uma época na qual o eletrônico começou a tomar conta da cena, com grupos como Kraftwerk e New Order. Além disso, fomos pioneiros no remix no Brasil, com uma versão para "Loiras Geladas". 

Schiavon – Não estamos numa seara nova, estamos explorando com mais recursos coisas que já tínhamos, usando elementos eletrônicos com outras tecnologias. Acho que temos influências muito semelhantes em relação ao que está rolando por aí hoje. O DJ atualmente é um artista que cumpre o seu papel como atração principal. O David Guetta, por exemplo, é um show completo, o cara é um rockstar. Neste trabalho misturamos a facilidade dançante do eletrônico sem descaracterizar o som da banda.

Paulo Ricardo - Isso, os remixes são mais voltados para as pistas de dança e rádio. Mas o nosso rock característico ainda está ali.

Virgula Música - Vocês já comentaram várias vezes que tiveram grande influência de rock progressivo no início. Mas quais são as influências de agora?

Deluqui – Hoje temos bem menos a coisa do progressivo. Eu praticamente não tenho escutado música de outros artistas. Pra você ter uma ideia, no meu Ipod eu tenho umas 600 músicas, e acho isso muito pouco, sou muito seletivo. Eu prefiro o silêncio. Eu escuto o Muse, mas não sou um pesquisador de música. O que eu acho super bacana do RPM é que não copiamos as bandas de fora. Fazemos o que gostamos, nos reunimos, tocamos e sai legal.

Schiavon – Especificamente sobre o progressivo, tínhamos mais influência no início da carreira. Nos distanciamos disso ao longo do tempo e hoje temos muito claro que música está muito ligada a celebração. Não é aquela coisa contemplativa como era na década de 70, como era no auge do progressivo. Nosso show é uma festa, o pessoal dança e pula. Mas isso não impede que a música tenha conteúdo; pode ser uma música boa de dançar, ter um bom arranjo, uma boa letra, ser bem construída e bem tocada. Acho que estamos bem para esse lado e assimilamos um pouco de motown, de dance, música eletrônica atual. Acho que estamos mais influenciados por isso.

Virgula Música – Uma estrofe da música "Muito Tudo diz 'é muita informação e pouco conteúdo'. Parece uma crítica, mas sobre o que isso se refere, exatamente?

Paulo Ricardo – É uma comparação aos tempos de quando começamos com o que temos agora, com a internet. Quando começamos, a informação era muito escassa. Não tínhamos internet e nem MTV, então para ouvirmos coisas novas tínhamos um verdadeiro contrabando de informações: era revista, troca de cartas. Hoje em dia, isso mudou muito, está tudo à disposição na internet. Pra gente, é uma ferramenta útil. Colocamos as faixas novas no site e as pessoas já podem ouvir. Mas nós não achamos que essa revolução tecnológica representou necessariamente um upgrade para a música na questão da criatividade. Prova disso são as bandas dos anos 80 que são consideradas clássicos (tanto nacionais quanto internacionais) e a internet facilita o acesso para a garotada. Hoje em dia com programas como o Garage Band é fácil gravar um disco em casa, mas isso não quer dizer que a qualidade tenha aumentado. Existe um pouco de uma cobrança, principalmente em cima de mim, para que tenhamos letras políticas. Já fizemos coisas assim antes, porque tínhamos recém saído de uma ditadura e aquilo na época era pertinente. Hoje em dia o foco é outro, acho muito delicado criticar um governo que já teve mais de 80% de aprovação. Hoje os questionamentos são mais internos, questões éticas de cada um. Só porque se tem muita informação não significa que tem muito conteúdo. É muita coisa, você não tem tempo de filtrar o que tem mais profundidade. Não tem condição um cara sair da faculdade e não saber escrever direito. Vocês jornalistas devem estar presenciando este triste e trágico evento; houve demissão do pessoal de mais tempo de carreira e que tinham salários mais caros para contratação de uma garotada com linguagem de internet. Então essa música toca também nesse tipo de assunto. Eu não tenho mais saco pra política, mas eu tenho que dizer que o mundo tem que ter qualidade e foco.

Virgula Música - O que vocês acham que vale a pena na música nacional agora?

Schiavon – Eu vou ser bem sincero: eu acho que esse boom tecnológico todo abriu a porteira para um monte de lixo também. Mas o mercado se auto-ajusta. De repente você vê uma surpresa como o da Maria Gadu, que é difícil, complexo, não tem nada a ver com sertanejo. É extremamente bem-elaborado e um sucesso de público. Isso me indica essa visão, me dá a sensação de que temos muita bobagem, mas que quando aparece alguma coisa de qualidade, acaba se sobressaindo e tendo um destaque natural. Acho que isso também aconteceu com o Diogo Nogueira, que não é realmente novo, mas é um grande cantor. No meio dessa bagunça da ebulição da internet, o que é ruim esfria. Mas não podemos ser preconceituosos e considerar que só música de elite é boa. Dentro do universo sertanejo tem muita coisa de qualidade também. Sem falar da música e do gênero, mas acho o Luan Santana um tremendo performer. Já vi um show dele uns três anos atrás e ele tem um domínio de palco de gente experiente. E tudo isso de uma maneira bem instintiva: ele canta com absoluta perfeição, corre pelo palco inteiro e não se cansa. Não é porque não gostamos do gênero que vamos jogar pedras.

Virgula Música – Falando em 'jogar pedras', a polêmica da vez é o Lobão versus Lollapalooza Brasil. Vocês já foram convidados pra tocar em um festival com atrações internacionais e passaram por essa situação de tocar em horários considerados desprivilegiados?

Schiavon – Esse caso do Lobão eu não tenho completa noção de como ocorreu. Mas nos grandes festivais lá da década de 60, como Ilha de Wright, Woodstock, teve gente que começou à tocar às 9 da manhã. O Jimi Hendrix tocou às 11h! Qual o problema? Tudo bem, o Lobão não quer tocar às 10 da manhã porque dorme tarde e não quer acordar cedo. Será que é isso mesmo? É difícil saber o real motivo. Talvez ele não tivesse concordado com a atração que tocaria depois dele, algo assim. Fazer um julgamento agora sobre isso seria uma coisa leviana. O Lobão é um cara inteligente pra cacete, é meu amigo, e imagino que ele tenha os motivos dele pra recusar. Mas acredito que aqui no Brasil o pessoal é muito preconceituoso com essa história da sequência das apresentações. Na época da morte do Freddie Mercury, em homenagem ao Queen, fizeram um show especial e o Rod Stewart entrou no palco às 15h. E quem foi tocar às 21h nem era tão conhecido. Acho que quem faz estes eventos está mais preocupado com a sequência de produtos, de eventos, do que se o artista merece tocar naquele horário ou não.

Virgula Música – Com o RPM então não teria problema tocar no mesmo horário proposto ao Lobão, por exemplo?

Schiavon – Pelo horário não. Pelo contrato, talvez.

Deluqui – Nos adaptaríamos. Mas se houvesse condições injustas, também não daria.

Schiavon – Pra mim tá muito mais relacionado às condições do que pode ser feito do que pelo horário. Não vejo problema em tocar às 10h, eu costumo acordar às 7h (risos)!

segunda-feira, 21 de novembro de 2011

OK Go toca de graça pelas ruas de São Paulo

*Matéria originalmente publicada no Portal Vírgula.


O OK Go é uma banda americana especialista em criar clipes bombados na internet com baixo orçamento e ideias simples. Prova disso é o vídeo de "Here It Goes Again", que mostrava Damian Kulash (vocal, guitarra), Tim Nordwind (baixo, vocais), Dan Konopka (bateria) e Andy Ross (guitarra, teclados, voz) fazendo uma coreografia em cima de esteiras de corrida, e foi visualizado por cerca de um milhão de pessoas no YouTube em somente seis dias.

De olho no potencial viral do grupo, a marca de tequila Jose Cuervo contratou os rapazes para uma ação especial, com o intuito de divulgar o novo drink Cuervo Cold. Com isso, a marca está promovendo uma série de shows gratuitos da banda pelas ruas de São Paulo e Rio de Janeiro entre os dias 19 e 25 de novembro.

A ideia é distribuir o OK GO em pequenas doses, com apresentações itinerantes em um caminhão de bebidas. A ação envolve ainda a gravação no Brasil de um vídeo participativo inédito para uma das músicas novas do grupo.

O Virgula Música foi checar uma dessas apresentações relâmpago em São Paulo neste domingo (dia 20) e puxou Damian e Tim para um bate papo sobre os shows no Brasil, a relação da banda com as gravadoras e os próximos passos do OK Go. Leia abaixo a entrevista.


Virgula Música – Vocês estão fazendo vários shows em um caminhão em um único dia. Já fizeram algo assim antes?

Damian - Nunca fizemos algo exatamente assim, mas já tivemos mais de um show em um único dia...

Tim – Certa vez tivemos alguns shows no Canadá, e um dia tocamos em um lado de uma cidade, entramos em uma van que não tinha pneus próprios para neve e seguimos para tocar em Halifax no mesmo dia... Não foi algo muito seguro de se fazer.

Damian – Nenhum desses show foi em ‘terra firme’, foram todos em cima da neve. Isso foi incrível e ao mesmo tempo um pouco assustador. Depois disso eu jurei pra mim mesmo que nunca faria algo assim novamente. E agora estamos aqui (risos).

Tim – É, mas aqui no Brasil é bem mais divertido de tocar!

Damian – Sim, com certeza! Mas nós já fizemos algumas apresentações estranhas, Já tentamos tocar debaixo d’água, e funcionou. Não foi muito confortável; eu estava usando um traje no qual meu corpo todo estava mais solto que o do resto dos integrantes, era quase como um tanque. Os outros tinham snorkels. Eu achei bem legal, mas Andy odiou isso. Acho que não poderíamos fazer isso de novo, porque ele nos mataria (risos).

Tim – Nós já tocamos no alto do Museu Guggenheim Bilbao, em Nova York.

Damian – Sim, e lá tentamos tocar na altura de 30 pés acima do solo, mas só conseguimos a 26 pés. Além disso, nós fizemos um desfile de oito horas em Los Angeles com cerca de cem pessoas. Nesse dia nós tocamos todas as músicas que sabíamos!

Virgula Música – Então foi fácil para vocês subir no caminhão e fazer essa série de shows...

Damian – Claro! A parte mais difícil desse trabalho realmente é a para as pessoas que montam tudo, entram e saem daquele caminhão rapidamente. Toda a energia para os instrumentos tem que vir de geradores, e deve ser desgastante preparar tudo isso. É logisticamente muito difícil para a eles, mas para nós é bem fácil, pois é um show bem mais curto que o normal. Não temos muito espaço, mas é divertido pelo fato de captarmos energias diferentes do público de cada lugar. Tem pessoas que são pegas de surpresa andando pela rua e também fãs dedicados que vão a todos os concertos. É como se fosse uma 'caça ao tesouro' combinado com um show. Tem alguns garotos que eu já vi nas últimas três apresnetações e você se sente como se fosse amigo dessas pessoas... É uma sensação ótima!

Virgula Música – Como vocês foram convidados para fazer isso? Vocês tiveram que seguir um roteiro estabelecido ou puderam opinar nas ações?

Damian – O pessoal da Jose Cuervo entrou em contato e disse basicamente 'nós queremos fazer este tipo de campanha e de uma forma que fique divertida e diferente'. A partir daí, nós trocamos umas ideias e chegamos a este formato experimental. Para nós é melhor manter um bom relacionamento com essas companhias que trabalham de um modo mais transparente do que entrar para uma grande gravadora, na qual teríamos compromissos que não pudéssemos controlar. Se estivéssemos em uma grande gravadora, não acho que faríamos algo assim. Acho legal que possamos fazer parcerias desta forma e ainda assim fazer um show de rock com experiências culturais e artísticas, não apenas reles propaganda. E a Cuervo foi bem legal a respeito disso tudo, eles querem que as pessoas apareçam e se divirtam, assim como nós. Me parece que esse tipo de ação entende melhor isso tudo do que a indústria da música. Não regramos nosso trabalho ou nossa vida pelas paradas do rádio: nós queremos tocar nossos projetos de acordo com nossas ideias.

Virgula Música – Você quase 'matou' minha próxima pergunta: vocês alcançaram sucesso com seus vídeos divulgados pelo YouTube, sem grandes produções e com ideias simples. Como a banda enxerga estes padrões de gravadoras e da indústria da música?

Damian – Eu me sinto péssimo pelas gravadoras, porque não é como se nelas só trabalhassem pessoas más – a maioria delas não é assim – mas vamos colocar da seguinte forma: nós temos que achar soluções para apenas uma banda, e eles têm que pensar em soluções para vários grupos. Então, eles precisam de sistemas que funcionem, não importa para quais bandas, mas que funcione e vire sucesso. Nosso sistema não funcionaria com outra banda qualquer, mas dá certo por causa das coisas específicas que fazemos: vídeos, discos e coisas diferentes para nos desafiarmos. Acho que, em uma gravadora normal, não dá para você contratar bandas que agem dessa forma. E este tipo de sistema que elas usam está morrendo, tudo está ficando cada vez mais experimental novamente. Por vários anos, era como um produto. Se eu disser 'Thriller, do Michael Jackson', você se lembrará do álbum, do encarte do disco, coisas assim. Agora, se eu falar de 'Fuck You do Cee-Lo Green', do que você vai lembrar? Eu lembro do vídeo e da música. Acho que hoje em dia certas coisas estão mais ligadas à experiência das pessoas com aquilo do que por uma imagem já pré-concebida pelo artista, um pedaço de plástico. E as coisas não devem mais voltar àquele modelo. É como se as gravadoras estivessem vendendo aparelhos de fax na década errada.

Tim – Como fazem com o Justin Bieber (risos)

Damian – Sim! Nós temos nosso próprio selo e também tentaremos lançar nossas próprias bandas, nossos amigos, e talvez tenhamos exatamente o mesmo problema que as gravadoras normais enfrentam. Mas duvido que vamos fazer sistemas iguais, visto que vamos trabalhar apenas com amigos e projetos que sejam apaixonantes para nós, coisas que nos interessem de verdade.

Virgula Música – Falando em música que lhe interessa, quais popstars que vocês acham que valem a pena hoje em dia?

Tim – Sempre terá boa música pop por aí...

Damian – Eu não ouço de verdade muitas rádios pop por aí. Mas é interessante saber que o indie rock fez sucesso, com bandas pequenas crescendo em popularidade. Como o Foster the People, que virou uma banda maior para o público grande. É bom ver que coisas assim viraram o pop por causa da internet. Eu não acho que o Arcade Fire poderia ser um grande sucesso antes da internet.

Tim – Existem alguns artistas pop que trabalham com pessoas interessantes. Eu gosto do Justin Timberlake, por exemplo. Ele é demais.

Damian – Eu adoro o Justin Timberlake.

Tim - Ele já fez discos bons, a produção dele é ótima. Tem pessoas como Pharrel, e outros artistas do hip hop, como o Jay-Z e coisas assim. A produção deles é interessante e excelente.

Damian – Os discos do Jay-Z soam muito bem.

Virgula Música – Andy Ross está na banda desde 2005. O que mudou desde a saída de Andy Duncan, o guitarrista anterior?

Tim – Bom, tudo. A indústria musical mudou! (risos)

Damian – Sim, a indústria musical desmoronou. Todos os vídeos que fizemos aconteceram depois que ele saiu, e isso obviamente deu uma grande diferença. Nós somos pessoas criativas que gostam de fazer várias coisas, por isso achamos legal continuar em uma gravadora independente. E quando os vídeos começaram a chamar atenção e nos abrir a realidade de que seria possível fazer realmente o que gostássemos... isso mudou bastante. Mas não estou dizendo que isso aconteceu porque Andy Duncan saiu, isso pode ter sido uma coincidência. Não conseguimos isso somente por conta de Andy Ross. Mas existem algumas diferenças: nosso som mudou bastante e se Andy Duncan ainda estivesse conosco, provavelmente nossa sonoridade teria seguido por uma outra direção. O jeito de Andy Ross tocar é realmente único, e se ele não estivesse na banda, não teríamos feito este último disco desta forma.

Tim – Ele tem alguns solos bem especiais, ele gosta desse tipo de coisa.

Virgula Música – E depois que essa loucura de shows relâmpago terminar, quais os planos? Vocês já tem músicas novas na manga para um próximo disco?

Damian – Estamos no meio da produção de um novo vídeo nos Estados Unidos. Começamos na semana passada, mas pausamos tudo e vamos terminar assim que retornarmos. Esperamos voltar a gravar novas canções no próximo semestre, mas não temos muita coisa escrita ainda. O jeito que compomos funciona como se tocássemos uma progressão de acordes junto com uma batida. Em seguida, improvisamos em cima e escolhemos o que dá para aproveitar. Então já temos alguns elementos, mas sem músicas completas ainda.

terça-feira, 15 de novembro de 2011

Sonic Youth tenta superar clima de despedida no SWU

*Matéria originalmente publicada no Portal Vírgula.


O grupo novaiorquino Sonic Youth subiu ao palco Consciência às 19h08, debaixo de uma chuva que pretendia estragar os ânimos da plateia. Mas dadas as circunstâncias adversas - por conta do divórcio do guitarrista Thurston Moore e a baixista Kim Gordon após quase trinta anos de relacionamento, este pode ser o último show da carreira da banda - nenhum fã quis arredar o pé do lugar.

Mesmo que um pesado clima de despedida tenha marcado a apresentação, o set list do Sonic Youth não sofreu alterações radicais em relação aos shows anteriores da turnê. Thurston e o baixista Mark Ibold surgiram sorridentes no palco, ao passo que o guitarrista Lee Ranaldo fez questão de dar um "olá" no microfone, antes de iniciarem o show com "Brave Men Run (In My Family)".

A apresentação começou em um ritmo regular, mas depois esquentou com a visceral "Death Valley 69". A tensão da música parece ter ganhado um outro significado para a plateia, pois nesta música Thurston e Kim dividem simultaneamente os vocais. O show inteiro foi permeado pelo frenesi de que este pode vir a ser o show derradeiro do grupo. Mas nada disso transparecia entre os dois rockstars no palco; seria injustiça dizer que estavam se tratando com frieza, pois os dois nunca foram de trocar afagos em público.

Apesar deste clima pouco propício, não era difícil enxergar o baterista Steve Shelley e Mark Ibold sorrindo durante a apresentação. Talvez justamente para apaziguar os ânimos dos presentes, Thurston se dirigiu à plateia após a épica "'Cross The Breeze", apresentando a banda. "Senhoras e senhores, nossa banda se chama Sonic Youth e somos de New York City. É uma honra estar de volta no Brasil, aqui juntos mais uma vez com todos os nossos lindos irmãos e irmãs brasileiras". Em seguida, o grupo tocou "Schizophrenia".

Para espectadores desavisados, um show do Sonic Youth pode ser uma verdadeira tortura sonora sem sentido, pois a banda tem predileção por esticar suas músicas com longos improvisos de puro barulho guitarrístico. Quem não gosta, foi pra arquibancada se proteger da chuva. Quem gosta, teve um prato cheio com os crescendos de "Flower", "Starfield Road" – construída totalmente em cima de cacofonias e microfonias – e a parte final de Mote, na qual o grupo promoveu uma grande viagem sonora, com Thurston maltratando sua guitarra e amplificador até largar o instrumento em cima de uma câmera da produção do SWU.

No final de "Sugar Kane", Thurston mais uma vez foi ao microfone, desta vez para agradecer ao público por ter suportado a forte chuva. "Vocês foram lindos e excepcionais, mal posso esperar para vê-los novamente", disse, dando uma pista que talvez possamos contar com novos shows do Sonic Youth no futuro.

O grupo finalizou seu set com o hino alternativo "Teenage Riot", emendando também com mais uma sessão noise que durou cerca de 5 minutos. Ao final do barulho, Thurston se sentou no degrau da bateria, cruzou as pernas e ficou admirando o público, com uma expressão enigmática - pra variar, o músico estava com seus cabelos cobrindo o rosto. Difícil tentar imaginar o que se passava na cabeça do músico, mas nas mentes dos fãs, um misto de melancolia e alegria já poderia ser considerado unânime.


Set list

01 – Brave Men Run (In My Family)
02 – Death valley 69
03 – Sacred Trickster
04 – Calming the Snake
05 – Mote
06 – ‘Cross The Breeze
07 – Schizophrenia
08 – Drunken Butterfly
09 – Starfield Road
10 – Flower
11 – Sugar Kane
12 – Teenage Riot

Stone Temple Pilots faz show em marcha lenta no palco Energia

*Matéria originalmente publicada no Portal Vírgula.


O Stone Temple Pilots subiu ao palco Energia do SWU Music & Arts Festival com aquele clima de 'cumprimento de tabela'. Escalados para anteceder o show do Alice in Chains, nesta segunda-feira (dia 14), Scott Weiland, Dean e Robert DeLeo e Eric Kretz apresentaram um set list recheado com hits, mas tocado em um ritmo um pouco mais lento do que as gravações originais.

Com 15 minutos de atraso, o grupo iniciou sua apresentação com duas faixas do disco de estreia, Core, de 1992: "Crackerman" e "Wicked Garden". Seguindo a linha do saudosismo que permeou esta edição do SWU, a banda focou seu repertório em uma espécie de 'zona de conforto para apresentações em grandes festivais', optando por tocar canções da época em que a banda gozava do estouro comercial, como "Vasoline", "Interstate Love Song" e "Big Empty".

Não é por menos que o ponto alto do show foi o superhit "Plush", cantado com tanta intensidade pelo público que Weiland se sensibilizou. A partir deste momento, o vocalista passou a interagir mais com a plateia, subindo nas caixas de retorno e com algumas falas ao microfone entre as músicas.

Mas para quem foi ao show do STP em dezembro do no ano passado, em São Paulo, a escolha do set list não revelou nenhuma surpresa, fora a presença certeira do hit "Big Bang Baby" - pérola pop do inspirado disco Tiny Music... Songs From The Vatican Gift Shop, de 1996. Quando a apresentação finalmente parecia engrenar em um ritmo mais rápido, foi a vez de encerrar o set, com "Sex Type Thing" e "Trippin' On a Hole In a Paper Heart". Uma pena que o grupo só tenha acordado de verdade no final.

Aos haters de plantão que não concordam que a performance de Weiland e cia. foi 'apagadinha', é só dar uma olhada no vídeo abaixo, de uma apresentação do grupo no festival Rolling Rock Town Fair, em 2001. Se eles ainda viessem com esse pique todo que mantinham há dez anos, certamente teriam feito uma apresentação memorável no SWU.




Set list

01 – Crackerman
02 – Wicked Garden
03 – Vasoline
04 – Heaven & Hot Rods
05 – Between the Lines
06 – Big Empty
07 – Silvergun Superman
08 - Plush
09 – Interstate Love Song
10 – Big Bang Baby
11 – Sex Type Thing
12 – Trippin’ On A Hole In A Paper Heart

Faith No More encerra SWU com show burlesco de Mike Patton

*Matéria originalmente publicada no Portal Vírgula.


Mike Patton é um entertainer por excelência. Por mais que o vocalista divida sua musicalidade esquizofrênica em vários projetos mais estranhos, é somente comandando o Faith No More que Patton consegue combinar com maestria suas traquinagens no palco com música de qualidade. Percebendo isso, a organização do SWU Music & Arts Festival colocou a banda para encerrar a edição deste ano do evento - e a escolha não poderia ser mais certeira.

O grupo subiu ao palco Energia nesta segunda-feira (dia 14) com cerca de 30 minutos de atraso, apresentados pelo poeta e educador pernambucano Cacau Gomes. Com todos os outros membros do Faith No More (Mike Bordin, Roddy Bottum, Billy Gould e Jon Hudson) vestidos de branco, Patton encarnou um verdadeiro 'preto véio' (ou Zé Pilintra, segundo comentários abalizados dos leitores), ao aparecer devidamente munido de colares, chapéu e uma bengala. Um medley de "Woodpecker From Mars" e "Delilah", de Tom Jones, deu início aos trabalhos da noite com uma certa estranheza, apenas para em seguida brindar o público com o hit urgente "From Out Of Nowhere".

Independentemente de o Faith No More ter priorizado músicas menos conhecidas em detrimento de alguns sucessos - vide a inclusão de músicas como "Cuckoo For Caca", "Caffeine" e "King For A Day" no lugar de escolhas fáceis como "A Small Victory", "Edge Of The World" e "Falling To Pieces", por exemplo -, a presença de palco do frontman tresloucado e versátil sempre fez a diferença.

Patton mostrou sua simpatia desbocada ao comentar o coro da plateia na versão em português de "Evidence" ("Do c*ralho, irmãos! P*ta que te pario!"), babou no chão durante "Midlife Crisis", sacaneou as outras atrações do festival que se limitaram a desejar "boa noite, São Paulo", remendando "não é São Paulo, é Paulínia!" e propagou o caos em forma de diversão em "The Gentle Art of Making Enemies", ao controlar uma câmera da produção do festival e em seguida pular a grade que separava o público para tomar um banho de cerveja. E em meio a tudo isso, claro, Mike Patton cantou muito.

Mas o espetáculo não ficou apenas a cargo do cantor; depois de presentear o público com o maior hit da carreira da banda, "Epic", o Faith No More recebeu no palco o Coral de Crianças de Heliópolis para tocar uma versão comovente de "Just A Man". O frontman tentou se despedir dos espectadores mandando "beijocas", mas logo teve de voltar ao palco. Para o bis, o grupo optou por tocar uma canção desconhecida (seria uma canção nova e inédita do Faith No More?), a porrada "Diggin' The Grave" e "This Guy's In Love With You", famosa na voz de Herb Alpert.

Mesmo debaixo de uma forte chuva, a plateia não foi saciada com estes três números e clamou pela volta da banda para um segundo bis. Mas ele não se concretizou, visto que uma repentina queima de fogos anunciou o fim do show e do SWU. Mas Mike Patton deixou uma forte lembrança como consolo: todas as testemunhas da performance do Faith No More foram deitar suas cabeças em seus devidos travesseiros com o mantra "P*RRA C*RALHO" ecoando em suas mentes.



Set list

01 - Woodpecker From Mars/Delilah
02 - From Out Of Nowhere
03 - Last Cup Of Sorrow
04 - Caffeine
05 - Evidence
06 - Midlife Crisis
07 - Cuckoo For Caca
08 - Easy
09 - Surprise! You're Dead
10 - Ashes To Ashes
11 - The Gentle Art Of Making Enemies
12 - King For A Day
13 - Epic
14 - Just A Man

Bis
15 - Unknown
16 - Diggin' The Grave
17 - This Guy's In Love With You

segunda-feira, 14 de novembro de 2011

Phil Anselmo instiga público do SWU com o peso do Down

*Matéria originalmente publicada no Portal Vírgula.


Phil Anselmo sabe como incendiar uma plateia. Nesta segunda-feira, dia 14, o vocalista subiu ao palco Consciência do SWU Music & Arts Festival, despejou doses cavalares de riffs matadores com o Down e fez o show mais pesado do festival até então.

A banda é um supergrupo que reúne grandes nomes do metal, como o próprio Anselmo (ex-Pantera), Pepper Keenan (ex-Corrosion of Conformity), Kirk Windstein e Patrick Bruders (ambos do Crowbar), além de Jimmy Bower (Eyehategod). Com currículos assim, não seria difícil o Down satisfazer fãs ávidos por um som pesado e agressivo. Mas a banda foi além do protocolo e entregou um dos shows mais intensos do SWU até então, com pérolas metálicas de alto valor como "Hail to the Leaf", "Losing All" e "Eyes of the South".

A entrega do grupo no palco era tanta que Anselmo chegou ao extremo de bater com o microfone na própria cabeça várias vezes, abrindo uma ferida em sua testa. Mais contidos, os guitarristas Pepper Keenan e Kirk Windstein optaram por gastar suas energias com solos rápidos que faziam o público pular na mesma cadência.

Perto do fim, Anselmo reparou em um espectador com um enorme logotipo do Pantera tatuado no peito. Como que para satisfazer o fã e o restante da plateia que berrava por músicas de sua ex-banda, o Down provocou o público com um pequeno trecho de "Walk", emendando em seguida a saideira, "Bury Me In Smoke".



Como gran finale, o grupo estendeu o pesado riff principal da canção, dando lugar aos integrantes do Duff McKagan's Loaded, que se apresentaram horas antes no mesmo palco e agora assistiam ao show do Down nos bastidores. Um por um, os músicos do Loaded foram assumindo os instrumentos, sem deixar a música parar.

Visivelmente balançado pela reação calorosa do público, Phil Anselmo não deixou o palco e, depois de declarar que este foi de longe o melhor show que ele já fez no Brasil, o vocalista fez questão de encerrar a apresentação de maneira inusitada. "Vamos terminar isso tudo da maneira certa", disse, antes de citar o clássico do Led Zeppelin, "Stairway to Heaven", cantarolando "...and she's buying a stairway to heaven".

Set List

01 – Temptations Wings
02 – Lifer
03 – Pillars of Eternity
04 – Rehab
05 – Hail The Leaf
06 – Underneath Everything
07 – Losing All
08 – Swan Song
09 – Eyes Of The South
10 – Stone The Crow
11 – Walk (trecho)
12 – Bury Me In Smoke

Peter Gabriel desafia público do SWU com repertório sofisticado

*Matéria originalmente publicada no Portal Vírgula.


Ignorando toda a confusão que sua produção esteve envolvida durante a parte da tarde, Peter Gabriel subiu ao Palco Consciência do SWU às 22h15 para um show voltado somente para "fãs iniciados". Acompanhado pela New Blood Orchestra, o cantor inglês apresentou um repertório sofisticado e destoou totalmente das outras atrações do SWU.

O show iniciou com "Heroes", dando a tônica do que viria dali em diante: arranjos executados com 'perfeição cirúrgica' por uma orquestra que, se não impressionava pelo seu som, chamava atenção pela disposição de seus vários membros no palco. A performance de Gabriel não deixava por menos; sua voz ainda impecável falou por sua diminuta presença de palco. A colocação quase estática do cantor foi várias vezes compensada por discursos pontuais em bom português.

Ao longo do show, o cantor homenageou o pai - que fará 100 anos em abril -, com "Father, Son" e contou com a colaboração da apresentadora Didi Wagner, do canal Multishow, como intérprete. A participação visava divulgar a luta contra a LRA (Lord's Resistance Army), grupo militar africano com cunho religioso, responsável pela violação de vários itens dos Direitos Humanos, como assassinato, mutilações e outras bárbaries.

Os pontos altos do repertório foram as canções "Downside Up", "Mercy Street", "Rhythm Of The Heat" - com seus crescendos emocionantes e bela interpretação vocal de Peter - e "Solsbury Hill", que foi devidamente ovacionada pela plateia que ainda resistia incólume em frente ao espetáculo.

Ao redor, muitos desistiam da difícil tarefa de acompanhar o show sem soltar alguns bocejos. Em Do outro lado da arena, varios fãs do Lynyrd Skynyrd já esperavam impacientemente pelo início do próximo show. Quando Peter Gabriel finalmente terminou seu bis com "Biko", os roqueiros enfim soltaram seus gritos de alegria.


Set list

01 - Heroes
02 - Wallflower
03 - Intruder
04 - San Jacinto
05 - Secret World
06 - Signal To Noise
07 - Downside Up
08 - Mercy Street
09 - Rhythm Of The Heat
10 - Father, Son
11 - Red Rain
12 - Solsbury Hill

Bis
13 - In Your Eyes
14 - Don't Give Up
15 - Biko

domingo, 13 de novembro de 2011

Tedeschi Trucks Band supera chuva e esquenta palco Energia no SWU

*Matéria originalmente publicada no Portal Vírgula.


A confirmação da Tedeschi Trucks Band no SWU Music & Arts deste ano não rendeu muito alarde, e talvez justamente por não nutrir muita expectativa o show do grupo já pode ser considerado um dos destaques do segundo dia do festival. Mesmo debaixo de chuva, o grupo desencantou no palco e espantou o clima de azarão com performances virtuosas de seus músicos.

Relativamente desconhecidos do grande público brasileiro, a banda capitaneada pelo casal Derek Trucks e Susan Tedeschi tocou canções fortes com blues rocks pesados como "Learn How To Love" e "Don't Let Me Slide".

Justificando a fama de um dos maiores guitarristas da atualidade, Derek Trucks brilhou ao demonstrar suas habilidades com seu instrumento, esticando as músicas com vários solos envenenados com um slide no dedo. A esposa também não deixou por menos e marcou presença com solos competentes em algumas músicas. Mas a grande carta na manga de Susan é a sua interpretação vocal forte e emocionalmente rasgada, que demonstrou que mulher também pode cantar blues.

Perto do fim, o grupo investiu pesado nos improvisos, para que os demais músicos também mostrassem suas habilidades. Depois de alguns solos de trompete a la Miles Davis, a jam começou a ficar cansativa. Ao perceber isso, a banda emendou a última música e saiu do palco com mais fãs no bolso.

sábado, 12 de novembro de 2011

Snoop Dogg encerra show no SWU com pagode do Só Pra Contrariar

*Matéria originalmente publicada no Portal Vírgula.


Snoop Dogg subiu ao palco Energia do SWU Music & Arts Festival neste sábado, dia 12. O rapper fez o show com a maior concentração de público da noite até então, apoiado por uma trupe de seis músicos (DJ, tecladista, baterista, baixista e mais dois MCs) e três dançarinas.

Com o término do show de Damian Marley no Palco Consciência, às 20h33, os alto-falantes do Palco Energia soaram a ópera "Carmina Burana", que serviu de introdução para a entrada do rapper e seus asseclas. Sempre amparado por três dançarinas - uma negra, uma morena e uma loira -, Snoop começou sua apresentação um pouco sisudo, mas aos poucos foi se soltando, em resposta à empolgação da plateia.

Ao longo do show, o rapper também dividia o palco com um mascote, que usava uma cabeça de cachorro de pelúcia e trajava uma camiseta com os dizeres 'Nasty Dogg'. Depois de tirar os óculos, Snoop passou a interagir mais com o público, que vibrou com hits como "P.I.M.P.", "Sensual Seduction" e "Beautiful" - apesar das frequentes falhas no telão do lado direito do palco e do baixo volume do microfone principal.

Em "I Wanna Love You" (alterada para "I Wanna Fuck You"), Snoop teve o momento mais 'pimp' de sua apresentação: o rapper puxou uma cadeira, sentou-se, cantou alguns versos e assistiu a uma coreografia quente de suas dançarinas, que não perderam a chance de fazer lap dance para Snoop.

O show chegou ao fim com um momento inusitado: o DJ colocou o pagode "Minha Fantasia", do grupo Só Pra Contrariar, e Snoop pediu para o público cantar. Nem precisou insistir muito, pois o que se ouvia era um grande coro entoado com a letra da música, e alguns desavisados olhando para os lados sem entender o que estava acontecendo. "Peace, love and soul", bradou o rapper, despedindo-se.


Set list

01 - Intro - Carmina Burana
02 - I Wanna Rock
03 - P.I.M.P. (50 Cent cover)
04 - Smoke Weed Everyday
05 - Gin and Juice
06 - I Wanna Fuck You (Akon cover)
07 - Beautiful
08 - Sensual Seduction
09 - Drop It Like It's Hot
10 - Who Am I (What's My Name?)
11 - The Next Episode (Dr. Dre cover)
12 - Minha Fantasia (Só Pra Contrariar Cover)

Marcelo D2 promove festa regada a hip-hop no palco Energia

*Matéria originalmente publicada no Portal Vírgula.


Marcelo D2 fez um show em clima de 'cerveja com os amigos' no Palco Energia do SWU Music & Arts Festival, na tarde de sábado, dia 12. Apresentando músicas de sua carreira solo e do Planet Hemp, o rapper contou com várias participações especiais e empolgou a plateia.

Todo o público que rondava o evento perguntando onde e que horas começaria o show de D2 finalmente achou o que procurava e estava ali para ouvir o hip hop com toques de rock promovido por Marcelo e sua trupe.

O carioca subiu ao palco às 18h07 e começou seu set com "Vai Vendo". Na segunda música, "A Maldição do Samba", o espaço em frente ao Palco Energia já estava abarrotado, e dali pra frente D2 não precisou se esforçar muito para ganhar a plateia, que estava tão receptiva a ponto de cantar boa parte das letras.

O rapper mostrou sua veia mais roqueira com "A Arte do Barulho" e "Gueto", em uma versão mais pesada, com forte presença de guitarras. O hit "Desabafo" veio em seguida, com Marcelo deixando o refrão a cargo da plateia por várias vezes.

Mas o grande destaque ficou quando D2 abriu espaço para o rapper Fernandinho mostrar suas habilidades fazendo beatbox. Ao final de sua canja, Fernandinho puxou o ritmo de "Sweet Dreams (Are Made of This)" - o clássico oitentista do Eurythmics - e até "Sunday Bloody Sunday", do U2, devidamente gritada por D2.

D2 também fez uma pequena homenagem a Bezerra da Silva, emendando "Malandragem Dá Um Tempo" e "A Semente". Em seguida, presenteou seus fãs mais antigos com "Queimando Tudo" e "Mantenha o Respeito", do Planet Hemp. Depois de inúmeras referências à cannabis, Marcelo declarou "a noite é da família" e chamou seu filho Stephan para cantar "Loadeando".

A partir daí, a apresentação virou algo semelhante a uma mesa de bar, com D2 recebendo convidados como Helinho, do grupo Ponto de Equilíbrio, Renato Venom e Emicida para dividir os vocais. Antes do final do show, com "Qualé?", D2 propôs um brinde de cerveja com seus amigos em cima do palco.


Set list

01 - Vai Vendo
02 - A Maldição do Samba
03 - À Procura da Batida Perfeita
04 - A Arte do Barulho
05 - Gueto
06 - Desabafo
07 - 1967
08 - Eu Tive Um Sonho
09 - Pode ACreditar
10 - Oquecêqué
11 - Profissão MC
12 - Stab
13 - Contexto
14 - Queimando Tudo
15 - Mantenha o Respeito
16 - Loadeando
17 - Eu Já Sabia
18 - C.B. Sangue Bom
19 - Qualé?

Emicida abre SWU com show-coletânea no palco Consciência

*Matéria originalmente publicada no Portal Vírgula.


O rapper Emicida iniciou as atividades do primeiro dia do SWU Music & Arts Festival, neste sábado, dia 12. Munido apenas de dois microfones e da companhia do DJ Nyack, Emicida convocou para a frente do palco o pequeno público que ainda chegava ao evento e mostrou sua destreza característica com rimas instantâneas.

O ponto alto da apresentação do rapper foi um medley com várias referências ao hip-hop brasileiro das décadas de 80 e 90. Agregando trechos de representantes do rap como Xis ("Us Mano e as Mina"), Rappin' Hood ("Sou Negão") e Sabotage ("Rap é Compromisso"), Emicida embalou o público, formado em grande parte por desavisados que chegavam e questionavam "em qual palco o Marcelo D2 vai tocar?".

Durante o medley, foi no mínimo peculiar ver dezenas de pessoas acompanhando com as mãos para o alto a grande sacada de mestre do DJ Nyack, que emendou com maestria a base de "Fim de Semana no Parque", dos Racionais MCs. "Logo mais, quero ver todos em paz / um dois três carros na calçada / feliz e agitada toda playboyzada / as garagens abertas eles lavam os carros / desperdiçam a água, eles fazem a festa / vários estilos vagabundas, motocicletas / coroa rico boca aberta, isca predileta / de verde florescente queimada sorridente / a mesma vaca loura circulando como sempre", metralhava a letra, que provavelmente passou despercebida pela plateia.

A apresentação, que contou com o hit "Rua Augusta", também rendeu uma homenagem à cantora Jovelina Pérola Negra, uma das grandes damas do samba. O show terminou repentinamente, às 15h41, com Emicida e DJ Nyack saindo do palco ovacionados debaixo do forte calor de Paulínia.

Set list

01 - Intro Dom Salvador (Sangue Suor e Raça)
02 - Só Mais Uma Noite (Com Fioti)
03 - Rua Augusta
04 - Licença Aqui
05 - E.M.I.C.I.D.A.
06 - Eu Só Quero é Ser Feliz
07 - A Capela
08 - De Onde Cê Vem?!
09 - Medley
10 - Corpo Fechado
11 - Tic Tac
12 - Bem Vindos a VR
13 - Fim de Semana no Parque
14 - Sou Negão
15 - Us Mano, As Mina
16 - Fogo Na Bomba (De Menos Crime)
17 - Rap é Compromisso
18 - Jovelina 2.0
19 - I Love Quebrada
20 - Viva
21 - Freestyle
22 - Triunfo

domingo, 6 de novembro de 2011

Beady Eye faz show irregular e testa paciência do público no Planeta Terra Festival

*Matéria originalmente publicada no Portal Vírgula.


Às 23h45, o Sonora Main Stage já estava abarrotado de viúvas do Oasis. Quando Liam Gallagher e seus comparsas deram as caras, a reação da plateia deu a entender que o Beady Eye não precisaria se esforçar muito para corresponder às expectativas do público presente. Mas não foi bem assim...

Como a banda tem apenas um disco (Different Gear, Still Speeding, lançado em 2010), não seria difícil prever o repertório do show do Beady Eye. E foi justamente com a faixa de abertura do álbum que começou tudo: "Four Letter Word" veio de maneira pesada, mostrando quase o mesmo frescor que o Oasis tinha nos velhos tempos. Emendando a enérgica "Beatles And Stones", a banda não deixou o ritmo cair, mesmo que a voz de Liam tenha se mostrado um pouco fora de tom nos primeiros números.

Não faltou o primeiro single do grupo, "Bring the Light", que mostrou algo que o Oasis nunca explorou: um rock sacolejante calcado em um piano frenético. O grupo só foi dar uma esfriada quando encaixou duas baladas seguidas: "Kill For A Dream" e "The Beat Goes On", belas pérolas com toques de psicodelia a la Beatles e Pink Floyd - o teclado hipnótico da primeira faixa remete descaradamente ao mesmo timbre utilizado pela banda inglesa em "Chapter 24".

Só que justamente depois deste momento mais calmo, a apresentação do Beady Eye ficou irregular. O grupo até tentou voltar às canções mais pesadas, com "Man Of Misery", mas ao emendar as intermináveis "Morning Son" e "Wigwam", o show descambou para uma chatice sem sentido. As duas músicas não passam de composições medianas esticadas além do limite do suportável, e suas durações exageradas acabaram dispersando a atenção do público crescente, que ainda se mantinha ali para assegurar bons lugares para assistir aos Strokes. É, Liam, parece que um certo Noel ainda faz falta...


Set list

01 - Four Letter Word
02 - Beatles and Stones
03 - Millionaire
04 - Three Ring Circus
05 - The Roller
06 - Bring the Light
07 - Standing on the Edge of the Noise
08 - Kill for a Dream
09 - The Beat Goes On
10 - Man of Misery
11 - The Morning Son
12 - Wigwam 

Groove Armada encerra Planeta Terra Festival com DJ set ornado por show de luzes

*Matéria originalmente publicada no Portal Vírgula.


O duo Groove Armada foi encarregado de encerrar a edição deste ano do Planeta Terra Festival. Ao começar sua apresentação no Claro Indie Stage com um certo atraso, os DJs Andy Cato e Tom Findlay acabaram esticando a presença do público, que foi incendiado pelo show dos Strokes no palco principal e ainda queria dançar um pouco mais.

Imersos em muita fumaça, jogos de luzes e lasers, a dupla executou um DJ set dançante que também era completado por três telões que mostravam cores, formas e animações que mudavam conforme o ritmo da música.

Logo após a performance no Claro Indie Stage, o Groove Armada seguiu para um after-party oficial do Planeta Terra Festival na D.Edge em São Paulo. Além deles, apresentam-se ainda Renato Ratier Lubalei e Anderson Noise.


Set List

01 - In the Valley
02 - Paper Romance
03 - Get Down
04 - Superstylin
05 - Pleasure Victim
06 - Rj's Theme
07 - Get Up
08 - Battle for Middle You
09 - Reading Out
10 - V2U
11 - Stockholm Marathon
12 - Crarx Anne

sábado, 5 de novembro de 2011

White Lies faz show com cheiro de naftalina no Planeta Terra Festival

*Matéria originalmente publicada no Portal Vírgula.


O White Lies subiu ao Sonora Main Stage para começar seu show às 19h, com o sol ainda se pondo, graças às maravilhas do horário de verão. Logo nos primeiros minutos era possível entender e prever a tônica que se estenderia ao longo da apresentação: um pastiche de sons característicos de bandas dos anos 80, usando o Joy Division como referência principal.

Com seus integrantes trajando branco e preto, o grupo fez uma apresentação correta, sem grandes interações com o público. Na maior parte do tempo, o vocalista e guitarrista Harry McVeigh (que com certeza ganharia a primeira colocação em um concurso de sósias de Brandon Flowers, frontman do Killers) manteve uma postura 'à prova de erros' ante o público do Planeta Terra, que respondeu à atitude do frontman na mesma moeda. Porém, somente os fãs à frente do palco pareciam estar realmente envolvidos no show.

Mantendo a política de "vamos fazer tudo certinho", o grupo provocou alguns suspiros ao tocar "Power & Glory" e terminou o show com seu maior semi-hit, "Bigger Than Us" - única música a arrancar alguma reação mais forte do resto do público que passeava despreocupado por perto do palco principal do Planeta Terra Festival.

Set List

Farewell to the Underground
Strangers
To Lose My Life
Holy Ghost
E.S.T.
Is Love
Price of Love
A Place to Hide
Death
Unfinished Business
Power & Glory
Bigger Than Us

Selvagens À Procura de Lei e The Name iniciam shows do Claro Indie Stage

*Matéria originalmente publicada no Portal Vírgula.


O grupo cearense Selvagens À Procura de Lei foi o vencedor do concurso Hit BB - que selecionava uma banda independente para tocar no Claro Indie Stage do Planeta Terra Festival – e teve a ingrata missão de iniciar as atividades no evento.

O grupo apresenta um entrosamento e arranjos certeiros, mas chama mais atenção pela relativa pouca idade (entre 20 e 22 anos) do que pela música; o vocalista e guitarrista Gabriel Aragão tem 22 anos, mas aparenta ter menos, dada sua baixa estatura. Musicalmente, o grupo não apresenta nenhuma novidade: a sonoridade do Selvagens é aquele rock característico que tomou de assalto todas as bandas pós-estouro de Strokes e Los Hermanos.

O único momento no qual o grupo fugiu um pouco deste estigma foi quando um 'mascote' subiu ao palco usando um capacete de escafandro dourado para fazer gracinhas para a plateia diminuta. Como os Selvagens logicamente ainda não eram tão conhecidos pelo público, a banda contou com o apoio de amigos e familiares na plateia, com direito a uma faixa homenageando a banda. Ao fim do set previsto, o fã-clube pediu um bis e a banda tocou mais uma canção. Mesmo assim, a apresentação não durou mais do que 30 minutos.

Em seguida, foi a vez do The Name. A banda sorocabana, formada por Andy (voz/guitarra), Molinari (baixo/voz) e Bruno Alves (bateria/voz), faz um rock marcado pelo pós-punk dançante que virou mania indie com representantes gringos como Bloc Party e Franz Ferdinand. Mas o diferencial do grupo está na percussão; além do frenético batera Bruno manter um ritmo constante ao passo que alterna batidas em sua bateria tradicional e um aparato eletrônico localizado ao seu lado, a banda também encontra tempo para descer a mão em um 'momento timbalada' durante a canção "It's Up To Us", quando Andy e Molinari trocam as cordas pelas baquetas.

Tudo bem que o grupo conta com a ajuda de bases pré-gravadas de teclado e bateria em alguns momentos, mas em canções como "Let The Things Go" e "Come Out Tonight", é no mínimo admirável constatar que apenas três caras fazem aquele barulho todo em cima do palco. Pegando a ressaca do público que saiu do show de Criolo no palco principal, o The Name visivelmente agradou os presentes e com certeza fez novos fãs.

SET LIST

SELVAGENS À PROCURA DE LEI

01 - Amigos Libertinos
02 - Casona
03 - Meninos Elétricos
04 - Surpresas
05 - Doce/Amargo
06 - Mucambo Cafundo
07 - Reis de São Paulo


THE NAME

01 - Can You Dance, Boy
02 - Can't Take No More
03 - Blueberry Kiss
04 - Older
05 - Do Anything
06 - Tenant
07 - It's Up To Us
08 - Come Out Tonite
09 - Time For Fun
10 - Let The Things Go
11 - You Want It Back Now