quinta-feira, 18 de agosto de 2011

Grupo Molejo volta com homenagem excêntrica a Michael Jackson

*Matéria originalmente publicada no Portal Vírgula.


Abram alas que o Molejo está de volta. Famoso na década de 90, o grupo de pagode universitário (segundo definição própria), retornou timidamente à ativa no ano passado, com o disco propriamente intitulado Voltei. Porém, nos últimos dias, o Molejo está conquistando o mesmo furor que alcançou com canções como Brincadeira de Criança, Dança da Vassoura, Caçamba e Paparico: o grupo disponibilizou em seu site oficial a música "No Passo do Billie Jean", uma excêntrica homenagem a Michael Jackson.

Atualmente formado por Anderson Leonardo (cavaco, percussão e vocal), Marquinhos Pato (vocal), Robson Calazans (percussão), Lúcio Nascimento (percussão) e Jimmy Batera (bateria), o Molejo está sendo disseminado na internet como um poderoso meme, com diversos vídeos de No Passo do Billie Jean sendo espalhados no YouTube e redes sociais. A música faz jus ao estilo irreverente e característico do grupo, com direito a incursões sambísticas no clássico do Rei do Pop.

Por coincidência, a letra versa sobre uma suposta bebedeira registrada em vídeo e que foi parar na internet. "Parece que deu amnésia na cabeça / Não lembro nada dessa noite que passou / Só me recordo vagamente que eu cai na farra / Entre um gole e outro a mente apagou /Tô desligado mais geral ligado em mim / Fizeram um vídeo e lançaram no youtube / Tremenda sacanagem tão me chamando de celebridade".

O Portal Virgula resolveu investigar a história e perguntou a Anderson se a canção é baseada em uma história verdadeira. Mas o vocalista preferiu tirar o corpo fora: "acredito que tenha acontecido com alguém ou com os autores da música", disse, por e-mail. Apesar de afirmar na música que "canta e dança muito mais que o Michael Jackson", o vocalista vira o disco e faz questão de falar com respeito sobre o Rei do Pop. "Ele é tudo, não existe nada igual. É um mito que vai ficar para a história, passando de geração para geração".

Segundo Anderson, o Molejo deve tomar partido da internet para lançar mais músicas. Mas o vocalista não revela qual será a próxima empreitada do grupo. "Aguardem, é surpresa!", diz. Entretanto, o vocalista entregou que um novo disco deve sair antes do Natal. Qual será o petardo da vez?

Ouça abaixo "No Passo do Billie Jean":

segunda-feira, 1 de agosto de 2011

Jon Spencer Blues Explosion no Bourbon Street

*Resenha originalmente publicada no Urbanaque.


O show de Jon Spencer Blues Explosion na última quinta-feira (28/07) em São Paulo tinha tudo para ser uma reunião de saudosistas da década de 90: o público era formado basicamente por roqueiros na casa dos trinta e poucos anos que acompanhavam os clipes do grupo pelo extinto programa Lado B, da MTV.



A emissora estava devidamente representada no local do show por dois logotipos luminosos fixados nas paredes e, como se não bastasse, volta e meia era anunciado no microfone que o evento era um oferecimento da MTV.

Além disso, não era difícil ver na platéia os ex-VJs Gastão Moreira e Fabio Massari circulando e conversando com amigos. Estes fatores poderiam criar um clima ‘baile da saudade’ que se torna cada vez mais típico em apresentações de bandas gringas em solo brasileiro. O país virou uma mina de ouro para grupos recém-reformados para apresentações quase cadavéricas e calcadas em hits para fãs que buscam recuperar o tempo perdido. Mas este não foi o caso de Jon Spencer e cia.



A banda subiu ao palco por volta das 23h30, e a apresentação contrastou totalmente com o clima almofadinha do Bourbon Street – a casa está acostumada a receber shows de artistas ‘comportados’ de jazz ou blues. Mas a atração da noite provou que a característica ‘blues’ é mais marcante somente no nome, fazendo um show de rock ‘n’ roll frenético.

Seguindo a receita do início da carreira dos Ramones – show relâmpago em um ritmo incessante para deixar os fãs atordoados –, o Jon Spencer Blues Explosion fez uma apresentação tão urgente que às vezes era difícil saber ao certo qual música estava sendo tocada. Ao final de uma canção, outra era emendada quase que instantaneamente. No final das contas, o que se pôde ver e ouvir foi uma sucessão de medleys, como se a banda tivesse imposto o desafio de tocar o maior número de músicas possível. Em certa altura do show, lembro de olhar para o relógio e verificar que havia se passado apenas 30 minutos desde o início da apresentação, mas parecia que Jon Spencer e seus comparsas já tinham tocado pelo menos 15 números.



Era impressionante a massa sonora que duas guitarras e uma bateria faziam no palco, combinadas em alguns momentos com gaitas, e um theremin colocado estrategicamente no canto direito do palco. O performático vocalista abusava de seus trejeitos – que oscilam em torno de uma mistura de Elvis, Mick Jagger e Iggy Pop empunhando uma guitarra – e o baterista Russel Simins tocava como se sua vida dependesse da intensidade de suas batidas com as baquetas. Até mesmo o guitarrista Judah Bauer, conhecido por ter uma performance mais reservada, também não ficou parado ao tocar solos que fundem garage rock com blues, funk tradicional e punk rock.

Depois de passar por porradas como “Dang!”, “Fuck Shit Up”, “Blues X Man” e “Money Rock N Roll”, a banda saiu de palco deixando um som irritante de theremin para sacanear a audição do público. Um tempo depois, a banda voltou para um bis matador, emendando “Son of Sam”, “Wail”, “She Said” e “Bellbottoms”. Ao final da apresentação, só restava à plateia pegar uma cerveja no bar antes de voltar para casa com um sorriso no rosto e um zumbido no ouvido.