segunda-feira, 18 de abril de 2011

Tiê vai da melancolia ao country em novo show


Apesar do pouco tempo de carreira – o primeiro disco Sweet Jardim foi lançado em 2009 -, a cantora Tiê já arrebanhou um séquito considerável de fãs que vai além do underground paulistano. Com o Auditório Ibirapuera lotado na sexta-feira (dia 8), o repertório do show de lançamento de seu novo disco, O Coração e a Coruja, foi da melancolia à vivacidade country.

Se Sweet Jardim era calcado quase que inteiramente em arranjos minimalistas de violão e piano de Tiê com detalhes do produtor e multi-instrumentista Plínio Profeta, o novo álbum apresenta uma nova direção, com a introdução de elementos como bateria, guitarras, baixo, violoncelos, clarinetes, acordeon e participações de Tulipa Ruiz, Thiago Pethit, Hélio Flanders (Vanguart), Jorge Drexler, Jessé Sadoc e Marcelo Jeneci.

No show de estreia, Tiê foi acompanhada por banda composta por seu irmão Gianni Dias (baixo e vocais), Naná Rizinni (bateria), André Henrique (violão), Ana Eliza e Luciana Rosa (violoncelos e clarinete), Karina Zeviani (backing vocal, que já tocou com Thievery Corporation e Nouvelle Vague), além da presença de Plínio Profeta nas guitarras. O guitarrista, que também fez a direção musical do espetáculo, manteve os olhares voltados para os outros músicos, dando deixas sutis nas passagens entre as partes das canções.

Começando o show com "Na Varanda Da Liz", faixa composta por João Cavalcanti (do grupo Casuarina), a cantora demonstrou timidez no início, talvez fruto de nervosismo ao apresentar as novas músicas ao público. Mas a partir da versão mais cadenciada de "Só Sei Dançar Com Você" de Tulipa Ruiz, Tiê foi se soltando aos poucos, fazendo comentários espontâneos entre as canções.



Ainda que o novo trabalho seja permeado de participações especiais, Thiago Pethit foi o único convidado a subir no palco (além de Karina Zeviani dividindo os vocais em "Já É Tarde"), para fazer um dueto em "Mapa Mundi". Mesmo que as músicas novas apresentem arranjos mais alegres em comparação ao álbum anterior, o show teve momentos melancólicos, como em "Te Mereço" (que pode ser considerada uma música-irmã de "Te Valorizo") e "Perto e Distante", com Gianni Dias fazendo as vezes de "Jorge Drexler do Paraguai", segundo a própria Tiê.

Durante "Passarinho", já conhecida do álbum anterior, os músicos fizeram um intervalo e deram espaço para que Tiê e Plínio executassem a canção usando apenas violão e notas sutis na guitarra, da mesma forma crua que eram realizados os shows da primeira turnê. O momento intimista foi adornado com uma surpresa: a parte traseira do palco do auditório se abriu, dando uma visão noturna do Parque Ibirapuera. O momento mais emocionante do show foi devidamente recebido pela platéia com palmas calorosas.



Após a parte serena da performance, Tiê costurou uma sequência inclinada ao country, tocando "Pra Alegrar O Meu Dia", "Já É Tarde" e "Hide And Seek", marcando a porção mais vigorosa do show. O público demonstrou a mesma empolgação quando surgiu a improvável "Você Não Vale Nada" de Dorgival Dantas – sim, aquela música insuportável que o Calcinha Preta fez virar trilha de novela da Globo -, em uma versão com violões quase flamencos.

A combinação "interpretação sem vocais exagerados + carisma quase ingênuo" da artista paulistana cativa o público, independentemente da canção que está sendo tocada. "Chá Verde" sinalizou o final da apresentação, que ainda teve "Assinado Eu" e "Na Varanda Da Liz", tocada novamente para fechar o bis em um clima "pra cima".

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